Uma estética híbrida que combina o conforto e a funcionalidade do design escandinavo com a elegância e simplicidade do estilo japonês, o conceito Japandi está em ascensão. Trata-se de um casamento natural entre duas culturas que privilegiam o minimalismo e a tranquilidade, e suas diferenças também se complementam. Mais do que a fusão de estilos, ele representa uma filosofia de vida, que preza pela diminuição do ritmo acelerado das pessoas, a valorização das nossas raízes e a busca por uma decoração autêntica.
O conceito escandinavo valoriza muito as formas simples, a aplicação de madeira clara e os tons neutros. Já o design japonês contribui com uma ênfase em cores terrosas e aconchegantes, e uma experiência que valoriza materiais naturais – inclusive com suas (lindas) imperfeições. A combinação inteligente de ambos permite que uma casa seja aconchegante, tenha um layout simples e ofereça uma sensação gostosa e de naturalidade aos ambientes.
Vale ressaltar, todas essas propostas se encaixam perfeitamente no cenário do décor brasileiro. Mais do que denominações de estilo, é a busca pela sensação de acolhimento e conforto no lar, algo que só se intensifica.
“O minimalismo é tão complexo quanto o maximalismo, e ver a evolução de um estilo múltiplo é muito bacana. É belo poder trabalhar com a simplicidade das linhas arquitetônicas já conhecidas do scandi, unidas com a elegância do minimal japonês. O combo perfeito para o nosso país, com materiais mais naturais, sem excessos e funcionais”, aponta Luana Guimarães, Designer de Produto no Westwing Brasil.
PONTOS CENTRAIS DO ESTILO JAPANDI
Apesar de culturas distintas, há traços comuns entre o jeito de morar dos japoneses e o dos escandinavos e o amor que ambos cultivam pelas linhas simples que utilizam ao criar móveis e objetos para o dia a dia. Por isso, um dos princípios do estilo Japandi é focar em peças de qualidade, que sejam esteticamente agradáveis e funcionais. Nas duas culturas se propaga a ideia de uma casa em equilíbrio.
Cada objeto dentro de casa tem um propósito e os itens de uso diário são, eles próprios, acessórios decorativos. Essa simplicidade, acima de tudo, acaba sendo muito impactante.
Baseando-se no conceito japonês de wabi sabi – a valorização da perfeição na imperfeição – Japandi enfatiza ainda os materiais naturais e uma profunda conexão com o meio ambiente. Nesse sentido, vale apostar em materiais e fibras naturais, artigos e plantas locais para criar harmonia e identificação. A madeira, inclusive, está muito presente nos móveis, mas também no piso e no revestimento das paredes.
O artesanato local é outra forma de incorporar o estilo Japandi, com peças de significado único. Cerâmicas e vasos assinados, por exemplo, permitem utilizar poucos e bons elementos decorativos.
Com todas essas sinalizações, não é difícil buscar um equilíbrio entre linhas clean e formas orgânicas, com todo o potencial que inúmeras peças do design podem representar. E, ocasionalmente, os contrastes se combinam tão facilmente que acabam não sendo tão diferentes: eles são complementos.
A arquiteta Juliana Pippi recria as sensações praianas por meio dos tons, texturas e tramas naturais em seu Loft Pra Perto do Mar, na CASACOR Santa Catarina – Florianópolis 2019. Foto: Marina Boro / Casacor
Referências cruzadas na decoração
Outro estilo muito citado nos relatórios de tendências, também proveniente da Escandinávia, é o Hygge, que poderíamos traduzir como aconchego. Contudo, essa proposta está na base do morar dessas nações e envolve tudo que traga acolhimento: receber os amigos, acender velas, deixar a casa à meia-luz no inverno, tomar um chá ou ler em um cantinho confortável. Afinal, nessa região do globo, o clima dita a forma de viver e o desafio é viver bem no inverno extremo.
E quando se trata de Japão, as crenças religiosas têm forte influência sobre o morar. “No Xintoísmo, acredita-se que tudo tem uma alma e uma relação estreita com a natureza. Uma cadeira, por exemplo, guarda a energia do material e do artesão que a moldou. Não se trata apenas de forma e função. Há uma carga espiritual”, explica Piti Koshimura, autora do blog Peach no Japão.
Mais do que uma tendência de design, Japandi reflete uma preferência de estilo de vida. Para alcançar bons resultados, aposte em objetos artesanais, materiais resistentes e duráveis, móveis marcantes e simples.
A interação de cores na decoração Japandi
Cores neutras, quentes e escuras, lindamente combinadas, ajudam a compor essa atmosfera envolvente e clean. Enquanto o estilo escandinavo costuma ser dominado pelo branco e outras tonalidades frias, o estilo Japandi é caracterizado pelo uso de matizes escuros suaves interagindo com tons claros e naturais, que juntos criam um ambiente aconchegante.
No geral, a paleta traz neutros mais quentes, como bege, creme e marrom. Também podem ser adicionados tons de rosa blush, azuis e verdes suaves, além do cinza e preto para um toque de drama. Complementando essa paleta, entram as fibras naturais, cerâmica e a madeira natural e ebanizada. São elementos marcantes, que garantem textura, experiências sensoriais e ainda elevam a cultura do feito à mão.
O foco deve estar sempre no equilíbrio. Isso é o que torna o estilo Japandi tão perfeito para quartos, salas de estar e espaços de contemplação – o estilo simples e organizado, combinado a uma paleta de cores relaxante, é ideal para descansar e cair no sono suavemente após um dia agitado.