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Um mobiliário de design com alma e que tem como premissa revelar histórias e passar o valor da cultura nacional. Essa é a proposta da Yankatu, idealizada pela designer Maria Fernanda Paes de Barros. “Acredito que os objetos falam, eles contam um pouco sobre nós, nossa identidade, usos e costumes, eles nos lembram quem somos e por onde já passamos. Eles contam histórias”.

A profissional conta que a ideia de “alma” para os móveis surgiu da sua necessidade de contar histórias e do desejo de despertar o interesse das pessoas pelo que acontece antes de o móvel ficar pronto. “Acredito que dessa maneira elas passem a admirá-lo de outra forma. Procuro estabelecer uma interação entre o móvel e seu dono”, conta Maria Fernanda.

Para isso, a Yankatu busca despertar no cliente a curiosidade sobre o trabalho artesanal. Os móveis fabricados também vão acompanhados de um pequeno livro em branco, que a designer batizou de “alma”. Além de detalhar a trajetória de cada produto, o livro é uma forma de incentivar que o cliente continue contando a história da peça, a partir do momento em que ela passou a fazer parte da vida dele.

 

Os móveis da Yankatu vão acompanhados de um pequeno livro em branco, que a designer Maria Fernanda Paes de Barros batizou de “alma”

Yankatu – móveis com sentido para as pessoas

Os móveis desenhados por Maria Fernanda reúnem trabalhos de artesanato, tecelagem manual, técnicas de marcenaria artesanal e sustentabilidade. Em geral, são peças que fogem de modismos, desenhadas livremente para perdurar na vida das pessoas por gerações. “É o encanto para além do objeto, a alegria de viver para sempre, design com identidade e alma”, resume a profissional.

A prova de que é possível estender a exclusividade do desenho ao máximo também é um desafio dentro da Yankatu. Com peças executadas sob encomenda, a marca projeta móveis únicos, talhados em madeira maciça e inspirados nas histórias de cada cliente, nas suas recordações, valores e sonhos. A proposta é transportar para o mobiliário a “alma” dos personagens, captando aspectos e detalhes cativantes de suas vidas.

O objetivo, explica a designer, é transformar as peças em algo mais do que um simples mobiliário. “São criações com real significado, delicadeza e emoção”. Um exemplo desse projeto exclusivo é o Banco Mercato, concebido para o empresário Carlo Acierno Calabrò, da Galeria Acierno.

No site da empresa é possível ler os detalhes dessa criação e também da Cadeira Rosa – inspirada na história de paixão de Waldick Jatobá pela arte e o design contemporâneo.

 Projetos exclusivos da Yankatu: Banco Mercato, para o empresário Carlo Acierno Calabrò, e Cadeira Rosa para Waldick Jatobá

 

Preservar e repassar histórias

Entre os recentes lançamentos comerciais da Yankatu temos a Coleção Entrelaçados. Ela é composta por diferentes versões de nichos abertos e com portas inspiradas no multiculturalismo do Brasil. De acordo com Maria Fernanda, a criatividade do povo brasileiro está representada pela versatilidade de uso das peças. Os nichos podem ser utilizados verticalmente e horizontalmente nas paredes ou serem utilizadas como cubos no piso, atuando como porta-revistas ou porta-almofadas.

Fabricada em madeira maciça de imbuia, a coleção traz detalhes em fios de algodão orgânico. Outra característica particular da coleção é o pequeno livro que acompanha Entrelaçados. Ele narra todas as etapas do nascimento do móvel, desde sua inspiração até sua produção. “As páginas finais são em branco, para que cada morador compartilhe sua história pessoal com o móvel, e as lembranças que ele desperta”, explica Maria Fernanda.

 

Entre os recentes lançamentos comerciais da Yankatu temos a Coleção Entrelaçados. Ela é composta por diferentes versões de nichos abertos e com portas inspiradas no multiculturalismo do Brasil 

Yankatu – artesanato e sensibilidade

A ponte entre o “feito à mão” e o mercado também está presente na Chapelaria Jardim. Desenvolvida para áreas de hall de entrada, a peça conta com suporte para receber guarda-chuvas, além de um discreto apoio para echarpes e lenços. Há ainda uma pequena prateleira para celulares e chaves, e um delicado espelho – que pode ser escondido.

O detalhe com “alma”, explica Maria Fernanda Paes de Barros, são as pequenas flores em crochê. “É uma delicadeza bucólica do artesanato mineiro e a valorização de elementos que trazem sensibilidade para o móvel”. As flores de crochê são elaboradas em fios de algodão tingidos naturalmente com frutos.

Aspectos da vida interiorana e do artesanato mineiro estão presentes em mais peças da Yankatu, como no móvel Jardim (foto abaixo). O mobiliário, que pode ser desmembrado, pode ser utilizado como armário de parede (parte superior) e aparador (parte inferior). A marca também sugere a utilização como bar.

 

A designer Maria Fernanda Paes de Barros, da Yankatu, com as peças móvel Jardim e luminária Ipê
A luminária Ipê, a prateleira e banco Memórias são outras peças que valorizam o artesanato na criação de móveis. A peça de iluminação tem cúpula feita de fuxicos confeccionados manualmente. A cúpula da luminária (foto acima) é feita com fuxicos confeccionados com tecidos produzidos em tear manual, a partir de fios de algodão tingidos com frutos do pomar da artesã. Tanto as cores como os desenhos não se repetem e apresentam irregularidades típicas do processo de produção.

Busco no trabalho e nas histórias de vida dos artesãos a inspiração para criar minhas peças

O conjunto banco e prateleira Memórias, da Yankatu, é inspirado na história da designer de moda Mayumi Ito

 

Em busca de autenticidade e alma

As criações da movelaria acabam por utilizar técnicas que valorizam a cultura brasileira em diferentes contextos sociais e econômicos. O conjunto banco e prateleira Memórias, por exemplo, é inspirado na história da designer de moda Mayumi Ito. A peça, na verdade, representa os altos e baixos da vida da designer, em um resgate das recordações de sua infância e no seu empenho em preservar a tradição da tecelagem artesanal.

Formada em administração de empresas e ex-aluna do curso de design de interiores da Escola Panamericana de Arte, Maria Fernanda acredita que, para um móvel permanecer atual ao longo do tempo, não basta que ele tenha um design atemporal. “É preciso que ele carregue consigo um valor não apenas estético e funcional mas, principalmente, emocional e simbólico. Daí a ideia da ‘alma’ associada a cada móvel”.