voltar para o topo
Compartilhe: facebook twitter pinterest whatsapp

Conhecido por seu traço conciso e requintado, Vinicius Siega é um dos nomes a despontar no cenário do design autoral brasileiro. O lançamento de uma nova coleção para a Carbono Design reforça essa percepção, reunindo móveis que mesclam minimalismo com um ar tropical. Composta por seis peças, sendo duas indicadas ao Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira (MCB), elas se combinam silenciosamente através da harmonia e da leveza de seus volumes.

Explorando um design essencial e com leve pegada tropical, a coleção aborda conceitos de quietude, silêncio e conexão indoor-outdoor. Temas crescentes ao levantarmos os novos comportamentos sociais e seus impactos na decoração contemporânea. Além disso, as peças contam com acabamento, traços e materiais puros, que traduzem a busca pela qualidade e o minimalismo das peças. “Busquei desenhos que refletissem equilíbrio. Cada produto é um híbrido que conversa com o minimal, o zen e o lounge para criar uma linha austera e versátil”, compartilha o designer.

 

Vinicius Siega conta que suas decisões pela matéria-prima são sempre orientadas pelas funções que a área da peça exercerá

 

O mix entre a madeira do Louro Freijó, o aço pintado e os tecidos utilizados nas criações se alia ao nomadismo funcional das peças, reforçando o que o profissional chama de “impermanência e adaptação constante na decoração”. O emprego dessas matérias-primas, aliás, transparece o design sem excesso de cada produto. A ideia é que os aspectos emocionais sejam traduzidos pelas texturas, convidando o usuário a uma imersão na natureza de cada uma delas.

A mistura equilibrada de materiais é, inclusive, uma das caraterísticas do design autoral de Vinicius Siega. “Aprecio o uso contido de cada matéria-prima, sem muitas preferências. Sempre avalio o peso visual e funcional que determinado material possui e, normalmente, faço um balanço com outro que seja complementar. Isso garante um bom uso dos materiais disponíveis e amplia as possibilidades de composição”.

Em desenhos que refletem quietude e equilíbrio, cada móvel de Vinicius Siega para a Carbono é um hibrido que conversa com o minimal, zen e lounge

Diferentes pesos visuais na coleção

Além da mescla de matérias-primas, Vinicius Siega explica que para ofertar essas diferentes sensações atribuídas às peças da coleção, foi necessário adotar um processo produtivo diferente em cada um dos produtos. A produção das peças ficou sob responsabilidade da Nova Marcenaria Brasileira.

Poltrona Trópico / C225

“Com a Carbono, todas as peças foram muito bem recebidas, mas acredito que a maior atenção tem sido dada à Poltrona Trópico / C225. Aliás, ela foi uma das peças que me levaram a ser finalista do Prêmio Design do MCB. Vejo esse sucesso tanto pela complexidade industrial do projeto quanto pela tradução dos seus conceitos”, explica o designer.

Ele ainda fala da inspiração para o produto. Confira! “Quando a desenhei, buscava uma peça que pudesse transmitir a sensação de amplitude que muitos têm frente ao mar. Que transportasse o usuário para um estado de reflexão e leveza. Acredito que a tradução disso está nas formas confortáveis, espaçosas e suaves percebidas pelos usuários, justificando seu sucesso”. Exigindo produções exatas, cada uma das ondas que formam a concha ergonômica da poltrona precisam ser manualmente laminadas. “Não se trata de um assento reto, mas de uma estrutura sinuosa, que necessita de muita qualidade para ser feita.”

 

Conheça a coleção de Vinicius Siega para a Carbono Design e mergulhe no universo sem excessos do designer. Profissional apresenta peças minimalistas e com ar tropical

 

Poltrona Bold / C226

Outra peça indicada ao prêmio foi a Poltrona Bold / C226. O produto apresenta uma concha estofada bastante confortável, que parece levitar sobre uma estrutura de madeira maciça com apenas três pernas. Isso mesmo, três pernas! Siega conta que de início a ideia foi recebida com resistência pelos marceneiros. “Porém, a estabilidade da poltrona, depois de pronta, e seu desenho limpo conquistaram a equipe”.

Sobre a escolha dos materiais utilizados nas Poltronas Trópico e Bold, Vinicius Siega conta que suas decisões pela matéria-prima são sempre orientadas pelas funções que a área da peça exercerá. “Para áreas com maior toque, prefiro materiais mais quentes (tecidos, couros e madeira); nas regiões estruturais ou apenas estéticas eu prefiro os frios (metal, pedra e vidro). Essas avaliações dependem da proposta de cada peça, mas são diretrizes comuns que aumentam o conforto e a adaptabilidade dos produtos na vida dos usuários”, detalha o designer.

Na Trópico, o metal foi usado na estrutura (onde não há contato com o usuário) e para regiões de tato foi aplicado compensado, lâmina de madeira e tecido. Já para Bold, priorizou-se o uso da madeira (pelas regiões de contato e pela estrutura) e de tecido, deixando as texturas mais confortáveis e acolhedoras.

 

Poltrona Bold, de Vinicius Siega, é uma das peças indicadas ao Prêmio Design do Museu da Casa Brasileira

 

Design autoral de Vinicius Siega na Carbono Design

Para o profissional, uma das peças mais simples e ao mesmo tempo mais conceituais da coleção é o Vaso Anônimo C/01. É uma peça minimalista e versátil, podendo ser vaso, castiçal ou apenas uma objeto de decoração. “O maior desafio da coleção, além de materializar muitas peças arrojadas, era se manter original ao perfil da Carbono. Afinal, estamos falando de uma marca reconhecida e respeitada pela crítica, e também pelo público que valoriza o design autoral”, cita Vinicius Siega.

Abaixo, você confere fotos da mesa de centro Baobá / C410, da mesa lateral Sistema / C408 e da mesa auxiliar Boia / C409. O Vaso Anônimo decora os móveis.

 

A mistura equilibrada de materiais é, inclusive, uma das caraterísticas do design autoral de Vinicius Siega

 

Toda a coleção está disponível no site da Carbono Design. Além dessas seis peças, duas novas coleções assinadas por Siega deverão entrar para o portfólio da loja nos próximos meses. Novos projetos também estão sendo trabalhados para serem apresentados durante a DW! São Paulo Design Weekend. Esse ano, a semana de design ocorre entre 29 de agosto e 02 de setembro.

 

Além da coleção para Carbono Design, Vinicius Siega trabalha em novos projetos para a DW! São Paulo Design Weekend

 

 

Entrevista: Processo criativo do designer

Você é conhecido por seu traço essencial. O minimalismo é algo que você procura alcançar na hora de criar?

Me preocupo para que os produtos carreguem uma quietude e silêncio próprios, livres de excessos ou “ruídos”. Assim, eles se apresentam com leveza nos ambientes e mesmo na vida dos seus usuários. Não procuro desenhar peças sazonais ou que representem uma época da vida. Gosto de me concentrar em desenhos duráveis, que acompanhem as adaptações que passamos. Apesar disso, não me vejo muito minimalista, pelo menos não no seu extremo rígido e frio.

 

Como se dá, então, seu processo criativo?

Busco linhas concisas e materiais puros, que se comuniquem visualmente e conceitualmente com o usuário. Eles precisam evidenciar a essência da peça e evitar distrações desnecessárias. Assim, o volume total dela será apreciado antes dos seus detalhes. Já durante o uso, o cliente perceberá os pormenores. Como a textura da madeira, o toque macio em todas as áreas de contato, o formato anatômico etc. Por isso, mantenho meu foco na essência do produto e na sua experiência de uso. Fatores que normalmente são esquecidos em produções de escala. Além disso, o fato de eu ser uma pessoa reservada também se reflete na linguagem das peças e no equilíbrio que elas carregam.

 

De que forma os insumos e recursos tecnológicos contribuem para o resultado final das suas peças e móveis?

A contribuição delas é fundamental e individual para cada desenho. Porque, mesmo entendendo as possibilidades, ainda podemos ter surpresas no desempenho delas durante a prototipagem. Quanto mais aprofundado o conhecimento dos recursos, menor serão as interferências negativas no resultado, já que muito pode ser previsto durante as fases de projeto e detalhamento. Para os meus desenhos, ocupo um bom tempo detalhando e avaliando materiais. Assim, evito alterações de última hora.

 

Vinicius Siega estabeleceu seu próprio estúdio de design e acaba de lançar uma coleção para a Carbono Design

 

Vinicius Siega e seu universo de referências

Você têm muitas referências que te orientam dentro desse universo?

Nunca tive um movimento em específico, só uma inclinação pelos mais industriais. Entre os clássicos, estão Hans Wegner, Dieter Rams e Ray+Charles Eames, pela longevidade da obra e enorme influência social. Nacionalmente, admiro muito Jader Almeida, pela qualidade do traço; Márcio Kogan, que mesmo sendo da arquitetura tem obras que sempre revejo; e o Marcus Ferreira pelos planos exatos. Pelo último, inclusive, tive a alegria de ser reconhecido dentro do portfólio de sua marca, a Carbono.

 

A “brasilidade” é uma preocupação nas suas criações ou você aposta num desenho, digamos, universal?

Não me preocupo com a brasilidade, porque não tenho dentro de mim o anseio de traduzi-la. Por outro lado, não é possível separar as influências de vida que tenho das peças que crio. Dessa forma, acredito que sempre há um apontamento mais tropical e de leveza nos meus desenhos. Mas não pela intenção de representar o Brasil, e sim porque é uma referência do que vivenciei. Prefiro me posicionar como um designer sem território para manter meu olhar mais amplo e criar peças versáteis, que impactem afetivamente pessoas com estilos diferentes.