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Que a tecnologia tem um papel importante para a evolução e para tornar o dia a dia mais prático ninguém duvida. Mas junto com os benefícios, verificam-se comportamentos humanos como efeitos colaterais que não eram previstos até pouco tempo. Estudos mostram que as redes sociais conectam pessoas online, mas podem trazer consequências como depressão, ansiedade e até mesmo isolamento no mundo off line.

Da mesma forma, o acesso à informação pela internet leva a um comportamento multitasking. Ou seja, foco e contemplação dispersos em várias abas abertas de computador, que resultam em ausência de linearidade.

Essas são algumas das conclusões de um estudo da Box1824 que mostra um contra-movimento que prega o monotasking. Esse conceito valoriza o presente e não o registro. “Nessa lógica, filmar sua música favorita durante um show faz tão pouco sentido quanto fotografar sua comida”, diz o estudo.

 

Várias janelas abertas no computador e muita tecnologia. Movimento montasking questiona esses comportamentos
Multitasking, várias abas que dispersam a atenção e tiram o foco

 

É como um detox digital que tem agradado a uma minoria crescente. Alguns ícones desse movimento são a artista sérvia Marina Abramovic, que em suas performances visa a concentração e o contato com o público. Ela está, inclusive, fundando um instituto para ensinar meios de aumentar a consciência do momento presente.

Uma de suas mais famosas apresentações foi “A artista está presente”, em que ficou mais de 700 horas, durante três meses, sentada em uma cadeira olhando para diversas pessoas, conhecidas ou não, que se sentaram à sua frente. A experiência virou filme.

Outras obras de Marina também exploram as relações entre a artista e a plateia, os limites do corpo e as possibilidades da mente.

 

Performance "A artista está presente", de Marina Abramovic
Marina Abramovic em sua performance “A artista está presente”

 

Outros exemplos acontecem na cena musical, com diversos artistas solicitando que os fãs e o público presente não filmem ou façam fotos nos shows. Em 2013, por exemplo, a americana Fiona Apple (cantora e pianista) deixou o palco durante uma apresentação porque a plateia estava distraída.

“O que eu quero é ter contato com vocês como audiência, não com iPhones, iPads ou câmeras. Eu sei que é pedir muito, mas isso vai nos ajudar a compartilhar esta experiência juntos”
Fiona Apple

Menos tecnologia, mais foco!

É fato que para toda tendência há uma contra tendência, que pode se tornar nicho de atuação para empresas das mais variadas atividades. Prestar atenção às tendências, mas também aos movimentos contrários, resulta em novos insights na prestação de serviços ou lançamento de produtos.

Como já mostramos na matéria sobre Lowsumerism, existe uma parte crescente da população preocupada com os rumos que o consumo desenfreado tem tomado. Para essa fatia de mercado, voltar a ter somente o necessário e apostar em produtos recicláveis e sustentáveis é imperativo.

Agora esse questionamento se volta também à tecnologia. Precisamos mesmo ter o último modelo de celular? Vários gadgets e aparelhos eletrônicos espalhados por toda a casa? O que antes era sinônimo de status e luxo, hoje, pode parecer algo desesperado.

Raio X dos objetos

Em abril deste ano, a exposição “When Objects Dream”, realizada em Milão (Itália), propôs uma reflexão sobre esse tema. A iniciativa da Universidade de Arte e Design de Lausanne (ECAL) questionou os objetos que nos rodeiam.

“Na feira de Milão falamos muito sobre móveis e objetos no sentido geral”, disse o diretor da ECAL, Alexis Georgacopoulos. “Sentimos que seria bom, não apenas falar sobre o objeto em si, mas o que o rodeia”.

Por meio da realidade virtual ou apenas fazendo com que as pessoas olhassem de forma diferente para as peças, a exposição teve como objetivo chamar atenção para o futuro dos objetos conectados e tecnológicos. Foi uma forma lúdica de repensar a tecnologia e o futuro.