Decorar uma casa não é uma ciência exata. Não há uma fórmula universal para acertar sempre, do tipo “1 sofá em formato L + 1 mesa lateral = 1 sala incrível”. Cada espaço pede um layout e uma composição diferente. Algumas salas, por exemplo, vão funcionar muito bem com um pufe central, enquanto outras podem contar apenas com um aparador no canto para que a circulação não fique prejudicada.
“É tudo uma questão de proporção ”, explica a arquiteta Mariana Paula Souza. Ela defende ainda o uso de tons neutros como base, deixado as cores fortes e formatos com mais personalidade para itens pontuais, em prol da organização. “Menos é mais” também é uma máxima a ser seguida na opinião da designer Renata McCartney, para preservar a harmonia dos ambientes, com poucas peças, mas escolhidas a dedo.
Entretanto, o surpreendente também pode agradar, como afirma o arquiteto Adelino Marinho Neto. “Às vezes, não combinar tem seu valor. O que foge do convencional, que choca também é interessante e causa sensações. O design tem que tocar as pessoas dessa maneira”, atesta.
Como se pode perceber, a decoração é uma atividade que envolve variáveis como o gosto pessoal, os espaços e as intenções. Mas existem, sim, alguns itens que, na opinião dos profissionais, ajudam a criar climas agradáveis em todos os ambientes, independentemente do formato e tamanho. São detalhes coringas que conferem mais vida e estilo. Abaixo, projeto de interiores (quarto industrial) assinado por Renata McCartney.
Uma casa para chamar de lar
Essa vida e estilo extras não são resultados apenas da beleza estética desses itens, que deixam a casa bem decorada. Esse quê a mais vem também do poder que eles carregam em si de transformar espaços em “experiências sensoriais e totalmente pessoais”, como explica Renata. Ao entrar em uma casa com esses objetos, percebe-se que se está conhecendo o lar de alguém, e não apenas caminhando por entre móveis e artigos.
Uma almofada diferente no sofá já pode criar essa atmosfera mais pessoal, assim como uma poltrona vintage, garimpada em uma feira de antiguidades. Uma moldura nova no quadro, também. Às vezes, apenas tirar este quadro da parede e apoiá-lo no chão é suficiente para deixar a casa com mais cara do dono. Perguntamos aos profissionais quais itens eles apontam como sendo esses coringas. Confira!
Na foto, da esquerda para a direita, Renata McCartney, Mariana Paula Souza e Adelino Marinho Neto.
Arte para preencher as paredes
“Paredes vazias dão a impressão de que ninguém mora na casa”, diz Renata. Arte é uma boa maneira de vesti-las de vida. E ela pode se apresentar em diversos formatos, respeitando as preferências de cada um: pintura, gravuras, fotografias, pôsteres, quadrinhos e tantas outras formas de expressão. “O importante é que esses objetos tragam à tona a personalidade do morador”.
Abaixo, fotos com projetos de interiores assinados por Mariana Paula Souza. Obras de arte e louças cerâmicas ganham destaque nas paredes.
Peças de design com destaque
Investir em uma peça assinada por algum designer do qual você goste também é muito indicado pelos profissionais para dar um toque especial aos ambientes. Se você está começando nessa empreitada, Renata McCartney aconselha a procurar artigos que, além de decorativos, também possam ser usados no dia a dia. Como uma poltrona, uma luminária ou um vaso.
Esse é um bom momento para buscar inspiração no design nacional, na opinião de Marinho Neto. “Às vezes, melhor do que adquirir uma ‘cópia’ de um designer de fora, é adquirir uma peça autoral. O trabalho brasileiro tem ótimas opções, e acessíveis”, afirma. Na foto, poltronas Mistral, do designer Bruno Faucz para a Sacarro.
Suavidade do toque orgânico
Plantas e tecidos naturais são outro “must have” em uma casa, para a designer. A carga de realismo que transmitem fazem com que se tenha certeza de que alguém vive ali. Além disso, promovem ainda mais o aconchego. “É uma questão de toque e de frescor”, diz. Um tapete de algodão, um sofá de linho, uma cadeira de fibras naturais e vasos são alguns dos itens nos quais se pode investir sem medo. Na foto, projeto assinado por Mariana Paula Souza.
Mais vida com a luz
“A iluminação cria cenários. Com seções diferentes, é possível transformar uma casa em várias”. É como a arquiteta Mariana Paula resume a capacidade que a luz tem de transformar um ambiente, valorizando ainda mais todas as peças que compõem os cômodos. Diversas nuances surgem em cada cantinho, com os jogos de sombras e destaques que ela proporciona.
O que não pode faltar, na opinião de Renata, para a criação desses climas diversos é o uso de acionamentos independentes. Assim, é possível ligar as luzes conforme a necessidade. Mais dissipada e forte quando precisar trabalhar na sala e mais pontual e suave quando for receber amigos nesta mesma sala, por exemplo. “Um bom projeto luminotécnico é capaz de promover o aconchego e a funcionalidade ao mesmo tempo”, afirma ela. Abaixo, projeto de sua autoria: Quarto Nuvens.
Projeto Estilo de Vida
A discussão sobre viver com itens essenciais e a composição de um lar estão em pauta no Projeto Estilo de Vida. A iniciativa traz a simulação de residência compacta durante o Congresso Nacional Moveleiro, nos dias 21 e 22 de setembro, em Curitiba (PR).
O espaço tem uma proposta conceitual de que as pessoas precisam voltar “para o lar e não para uma casa”. Segundo a arquiteta Katalin Stammer, que idealizou o projeto, o ambiente de 48 m² será rico em experiências sensoriais. “O público terá a possibilidade de interagir com um lar mais intimista e aconchegante, mas que não deixa de ser funcional”.
Para a arquiteta, a relação do morar foi modificada. “As pessoas não querem casas desproporcionais ao seu estilo de vida para ostentar e manter. Querem experiências, praticidade e beleza de forma simples e conectadas a elas de maneira muito personalizada. Ou seja, um ambiente que faça sentido em cada objeto, móvel ou planta”. Para conhecer mais detalhes da ação, acesse o site do Congresso Moveleiro e participe.