Sede por Mais é o segundo de quatro grupos apontados pela Mintel – Agência de Inteligência de Mercado, como norteadores de consumo no Brasil para 2016. Em outro texto, já abordamos o grupo Heróis da Pechincha e agora vamos mostrar como essa microtendência pode impactar a economia e sua empresa.
Nessa análise, é importante que os industriais de móveis, designers e todos os profissionais que estejam ligados ao desenvolvimento de produtos, consigam extrair informações para planejar seus negócios e criar novas oportunidades.
Os consumidores integrantes do Sede por Mais são aqueles que começam a perceber que produtos ecológicos ou energeticamente eficientes podem não apenas contribuir para a preservação do meio ambiente, mas também impactar positivamente na economia de recursos financeiros.
Sede por mais
No ano passado o Brasil enfrentou a pior seca dos últimos 50 anos. A situação crítica, que antes atingia apenas a região Nordeste, impactou outras regiões do país, incluindo São Paulo, e fez com que os brasileiros valorizassem ainda mais medidas de sustentabilidade.
Junte-se a isso a recessão econômica que acelerou a simpatia pela ecologia – na medida em que se descobriu que sustentabilidade pode se traduzida em lucro também, com diminuição no valor das tarifas de serviços essenciais. Diversas iniciativas surgiram nesse sentido, como a reciclagem de lixo em troca de desconto na conta de energia.
Como a falta d’água impacta também as corporações, empresas assumiram o papel de consultoras, educando os consumidores. Um exemplo é a marca de sabão em pó Omo, que estimula os clientes a enxaguarem a roupa apenas uma vez, reduzindo o desperdício de água.
Pesquisas da Global Water Partnership (GWP) mostram que quase um terço dos recursos renováveis de água se encontra na América Latina e o Brasil está entre os países com maior quantidade de água. Contudo, mesmo tendo essas reservas o país passa por escassez – principalmente pela falta de atualização na infraestrutura necessária para fazer o recurso chegar aos consumidores.
25% dos consumidores diz ser sua responsabilidade, como cidadão, utilizar mais produtos que possam ajudar a proteger o meio ambiente
As marcas
Tudo que foi descrito acima pode impactar inúmeros negócios, incluindo a produção de mobiliário, já que os brasileiros estão mais preocupados com o tema da sustentabilidade. Assim, demonstrar que seu sistema de produção ou serviço busca a redução de desperdício é uma oportunidade de agradar a esse grupo de consumidores. Vale ressaltar, o discurso não pode ser apenas teórico ou publicitário; ele precisa se comprovar na prática.
Em 2009, por exemplo, 71% de todos os móveis da IKEA eram produzidos com materiais renováveis, recicláveis ou reciclados. Hoje, o esforço é para garantir que até o final deste ano, 100% do mobiliário siga essa premissa. Outro compromisso da fabricante, é que até 2017, 50% da madeira utilizada detenha certificação FSC® (Forestry Stewardship Council) ou seja proveniente de fontes recicladas.
A iniciativa de sustentabilidade da IKEA concentra-se em quatro áreas: Produtos e materiais, Fornecedores, Mudanças climáticas e Envolvimento da comunidade.
Portanto, ações como reaproveitamento de resíduos, redução de desperdício de matéria-prima e uso de materiais provenientes de processos sustentáveis são um caminho sem volta para o setor moveleiro.
A indústria alimentícia, por sua vez, já conta com iniciativas que oferecem descontos nos alimentos perto do horário de fechamento dos estabelecimentos, ou alimentos perto da data de validade com menor preço. Na França, inclusive, é ilegal que supermercados joguem comida fora.
39% dos brasileiros são inclinados a comprarem de marcas que não agridem o meio ambiente.
Desafio
O desafio da microtendência “Sede por Mais” está em mostrar todo esse cuidado das empresas ao consumidor e dar vantagens econômicas a ele, além de avançar nessas iniciativas. Com um orçamento cada vez mais apertado, o cliente quer efetivamente benefícios econômicos.
A grife uruguaia Mutma, por exemplo, permite que seus clientes paguem 40% da coleção de roupas com garrafas PET.
As marcas que utilizarem o processo de troca, oferecendo aos seus clientes um valor real por seus itens reciclados, irão se destacar na multidão.
Em 2016, continuaremos vendo indivíduos e empresas explorando novas maneiras de economizar por meio da sustentabilidade e de práticas ecológicas. Desde que os benefícios pessoais das alternativas ambientais continuem claros para os consumidores, eles serão amplamente adotados.