Uma das plataformas de maior visibilidade para jovens designers em todo o mundo, o SaloneSatellite lança seu foco para o Hemisfério Sul. A proposta é despertar reflexões sobre o futuro do design na África e América Latina, incluindo o Brasil. Os dois continentes são considerados grandes centros de fusão da criatividade, onde o tema design é crescente. Ao todo, 650 profissionais com menos de 35 anos devem apresentar seus protótipos de móveis e acessórios.
O evento ocorre entre 17 e 22 de abril, simultaneamente ao Salão Internacional do Móvel de Milão, na Itália. Essa é a 21ª edição do SaloneSatellite, localizado nos pavilhões 13, 14 e 15 da Fiera Milano Rho.
Neste ano, considerando o tema, os designers foram solicitados a mostrar obras que exponham a relação entre o patrimônio cultural e contemporâneo. Os projetos também devem explorar o delicado equilíbrio entre artesanato e as novas tecnologias. Segundo a organização, as peças também devem buscar soluções para a vida contemporânea, mas com um olhar para o futuro.
“África e América Latina não nasceram ontem. Sempre foram grandes difusores de criatividade e inspiração. Mas agora está havendo um incrível interesse em design e cultura provindos desses dois continentes”, explica a criadora e curadora geral do evento, Marva Griffin. Ela destaca ainda que “sempre há um grande esforço por parte dessas novas gerações em se descobrir novos materiais, técnicas, aplicações e funções para os móveis”.
África e América Latina em exposição
Durante o SaloneSatellite será promovida uma exposição sobre a riqueza do design nessas regiões. A parte latina ficará sob curadoria dos brasileiros Humberto e Fernando Campana – os Irmãos Campana. “Eles são designers de primeira linha, reconhecidos em todo o mundo. Além de ótimos profissionais, também são muito visionários. Desenvolvem um papel crucial no processo de reabilitação social de diversas comunidades brasileiras”, comenta sua escolha, Marva.
Já do lado africano, o convidado é o franco-marroquino Hicham Lahlou. O designer é fundador do instituto Africa Design Award & Days, comprometido com a promoção das futuras gerações criativas no continente africano.
E apesar da temática sugestiva ao mercado brasileiro, a procura por parte de jovens profissionais e escolas de design do País foi baixa. “Infelizmente não recebemos muitas aplicações de brasileiros para participar do SaloneSatellite 2018. Não sabemos o motivo”, relata Marva.
SaloneSatellite explora design vernacular
Para a organização, o tema África e América Latina permitem pensar no design como instrumento social e um vetor de melhoria para essas regiões. Segundo Marva Griffin, além da diversidade cultural, étnica e geográfica dessas áreas, esses continentes compartilham da necessidade de se encontrar meios de reabilitação para indivíduos à margem da sociedade.
“Aprender um ofício, por exemplo, pode ser de grande ajuda a essas pessoas”, opina Marva. Ela complementa: “O objetivo é mostrar o design de derivação vernacular. O que está em oferta hoje ou o que poderia ser oferecido para lidar com emergências sociais e ambientais. Promovendo mais qualidade de vida e formando uma população mais bem informada”.
O SaloneSatellite espera ainda que as obras apresentadas desencadeiem uma grande reflexão. “A experimentação, memória, natureza e força da matéria, assim como a reciclagem criativa, contaminação cruzada e efeitos digitais podem surpreender”, diz o comunicado oficial.
SaloneSatellite: vitrine de produtos e talentos
Mais de dez mil profissionais de diversas regiões do planeta e 270 escolas internacionais de design já participaram do SaloneSatellite. O evento é considerado um observatório sem paralelo para jovens designers que almejam carreira internacional. Conectando-os a grandes fabricantes e talent scouts do setor, a exposição possibilita que muitos dos protótipos sejam efetivamente produzidos e colocados à venda.
Aliás, foi ali que grandes nomes do design mundial emergiram, como Satyendra Pakhale (Índia), Xavier Lust (Bélgica) e Christophe Guberan (Suíça). Outros nomes reconhecidos e que tiveram destaque inicial na competição são o Studio Front (Suécia), de Anna Lindgren e Sofia Lagerkvist, e Sebastian Herkner (Alemanha). O alemão se destaca pela forma inusitada como mistura materiais e pela atenção aos detalhes – veja post. Abaixo, sofá Doodle, by Front.
Quem também despontou no Salão foi Oki Sato – Nendo (Canadá/Japão). Sua participação ocorreu em 2003. Um ano depois, ele participou de todas as grandes feiras internacionais (Paris, Colônia, Estocolmo e Milão) e foi notado por muitas empresas internacionais. Hoje, é um dos profissionais mais promissores na cena internacional com seus produtos e instalações.