“Estamos vivendo um momento de reflexão e comprometimento. Esse é um novo começo na história do Salone del Mobile.Milano”. São com essas palavras que Claudio Luti, presidente do evento, descreve os preparativos para a 57ª edição, que ocorre de 17 a 22 de abril de 2018, na Itália. Uma das novidades é o lançamento do primeiro Manifesto desde a criação do Salão do Móvel de Milão. O documento celebra a profunda relação da feira com a cidade, reconhecida pela produção moveleira e escolas de design, e projeta um futuro de qualidade, inovação e criatividade. O anúncio foi feito durante uma conferência exclusiva para jornalistas convidados, em que o Habitus Brasil esteve presente.
“O Manifesto é um convite para a inovação. Um argumento para não nos acomodarmos com os nossos louros, mas, sim, para olharmos além do que já foi alcançado. O que só conquistaremos ao valorizar jovens talentos e nosso patrimônio cultural”, declara Luti (CEO da Kartell).
Ainda segundo o presidente, “o objetivo é dar forma a um novo tipo de design e de arquitetura, mais consciente das necessidades de uma sociedade em constante evolução, que aprecia o estilo futurista, mas também precisa sentir uma variedade de emoções no seu dia a dia.”
A emoção através do design é o primeiro ponto explorado no Manifesto, que traz outros oito temas relacionados ao universo moveleiro e de decoração. São eles: empreendimentos, qualidade, design, networking, jovens profissionais, comunicação, cultura e Milão ao centro. Este último, coloca a cidade no centro de um processo de renovação – buscando novas formas de conceber a feira.
Você pode ter acesso ao conteúdo completo do Manifesto (em inglês) neste link.
O documento faz menção, ainda, a momentos importantes no processo de internacionalização e desenvolvimento da cidade e do evento italiano. “Este é o lugar onde tudo começou. Sem Milão, com suas indústrias, escolas e todo seu potencial criativo, o Salão do Móvel não existiria. Da mesma forma, a cidade não seria a mesma sem o Salone e todos os eventos que ocorrem simultaneamente a ele”, declarou Luti.
Pontos apresentados no Manifesto
“A beleza salvará o mundo.” Profunda e paradoxal, a frase do filósofo Fiódor Dostoiévski ganha contextos e interpretações modernas. Isso porque a citação tem sido usada pela organização como um convite para vivenciarmos a 57ª edição do Salone, numa espécie de ode ao design. A mensagem também demonstra que há espaço para estética e funcionalidade em um mesmo produto.
Além do contexto visual, o papel e o sentido do design deverão ser colocados em cheque nesta edição. Combinando qualidade, sustentabilidade, inclusão e compartilhamento. Nessa direção, tudo dá a entender que conceitos como “design sensorial”, “móveis customizados”, “casa compartilhada”, “ambientes híbridos” e “mobiliário nômade” serão algumas das apostas dos expositores para 2018/19. Algumas dessas abordagens já foram vistas no ano passado, quando falamos da 56ª edição do Salão do Móvel de Milão.
Outros temas e produtos deverão vir dos eventos que ocorrem simultaneamente ao salão principal, como a EuroCucina e FTK. A Exposição Internacional de Acessórios para Mobiliário, que se divide em três categorias: clássico, design e luxo, também chama atenção. Além disso, temos o SaloneSatellite e a proposta do Living Nature. La Natura dell’Abitare.
Este projeto, concebido para a edição de 2018, traz um único ambiente de 500 m², com critérios de economia de energia. Nele, serão incluídos quatro microcosmos naturais e climáticos, que permitirão que as quatro estações do ano coexistam ao mesmo tempo, uma ao lado da outra. O trabalho foi desenvolvido em conjunto com a empresa internacional de design e inovação Carlo Ratti Associati (CRA).
Milão: Prospecções para 2018
Após tantas edições e em meio a um calendário pulsante de feiras europeias, o Manifesto e demais atrativos surgem como estratégias para manter a atratividade da feira e de Milão. A ideia é preservar o papel de liderança que ambos assumiram no mercado moveleiro global.
As críticas à atmosfera fria do mundo dos negócios, que vinha dominando o evento nos últimos anos, também mereceram atenção. Reforçar o Salone como um espaço humano, de convergência e troca de conhecimentos, inclusive, é um dos objetivos da organização. “O Salão do Móvel não é apenas uma feira comercial. Estamos falando de um sistema de conexões, criatividade e inovação, que move milhares de pessoas todos os anos”, ressalta uma das passagens do Manifesto.
Em 2018, espera-se que mais de 300 mil pessoas de pelo menos 165 diferentes países visitem à feira. Números que impactam diretamente a economia milanesa e italiana, que vem passando por um período de retomada desde 2015. Confira mais detalhes no estudo da Csil Milano 2018.
Os 200 mil m² de área expositiva nos pavilhões da Fiera Milano Rho devem receber mais de dois mil expositores. Do Brasil, porém, poucas empresas estarão expondo seus produtos nos pavilhões da feira. A Lot of Brasil e Moora estão confirmadas, enquanto outras quatro marcas ainda negociam espaço. Muitas, no entanto, escolhem apresentar suas novidades em locações fora da feira, aproveitando a movimentação da Semana de Design.
“O mercado latino está em crescimento. Os compradores brasileiros, em especial, são extremamente qualificados e representam uma boa parcela da feira, estando entre os 15 países com maior número de visitantes”, avalia Claudio Luti.