Enquanto grandes marcas do design apresentavam suas novidades durante o Salão do Móvel de Milão, um grupo de designers sob a batuta do renomado Stefano Giovannoni lançava a QEEBOO, marca italiana que se apresenta como o design da nova geração. Sua proposta: criar móveis e acessórios acessíveis, feitos de plástico moldado por injeção.
Arquiteto por formação e tendo trabalhado como designer industrial e de interiores, Giovannoni é especialista em produtos de plástico e reconhecido por suas peças lúdicas, com colaborações para marcas expressivas, como Alessi, Fiat, Henkel, Honeywell, Laufen, Magis, Better, Moooi, Nissan, Pulsar, Siemens, Veneta Cucine, entre tantas outras. É dele o banquinho Bombo (Magis, 1999), seguramente, um dos produtos de design mais copiados no mundo.
A primeira coleção da nova marca traz 25 produtos moldados por injeção, entre cadeiras, luminárias, vasos, banquinhos e acessórios, e foi concebida em parceria com Andrea Branzi, Marcel Wanders, Nika Zupanc, Richard Hutten e o Studio sueco Front, sob o comando de Anna Lindgren e Sofia Lagerkvist, além do próprio Stefano Giovannoni (foto abaixo).
O grupo, que se uniu em setembro de 2015, foi escolhido em função de amizades de longo prazo e admiração mútua, mas o denominador comum, explica Giovannoni, era “a capacidade de definir seus móveis e objetos através de uma poesia narrativa, baseada em formas icônicas que poderiam comunicar valores emocionais”.
Gosto de criar objetos emocionais que têm uma linguagem forte, dando-lhes o poder de se comunicar com a maior audiência possível, de uma forma inteligente” – Stefano Giovannoni
QEEBOO
Móveis de plástico com design a preços acessíveis
De acordo com seu manifesto online, a QEEBOO promete ter foco em criar peças democráticas, com design de baixo custo ao incluir novos processos de manufatura. Uma cadeira, estima-se, será vendida por cerca de 50 euros; algo em torno de R$ 199 na cotação atual (Euro/Real).
A marca italiana também defende uma nova forma de fabricação e design, bem como de distribuição ao ter a web como ponto-chave, para encurtar a cadeia de abastecimento e manter uma estrutura mínima. A empresa irá terceirizar a logística e armazém, e vai se concentrar em design e produção, sendo que toda a coleção de móveis e objetos será vendida exclusivamente no site da empresa e em plataformas web internacionais.
Stefano Giovannoni acredita que a abordagem atual do varejo, onde muitas empresas de móveis usam o e-commerce como um “canal complementar” às lojas físicas, é ultrapassada. Recentemente, em entrevista à veículos internacionais, ele disse acreditar que a maioria das marcas de design irá desaparecer dentro de cinco anos.
O manifesto diz ainda que a QEEBOO, forte em seu caminho italiano de pensar sobre o design, abre-se para o mercado internacional com foco em alcançar o coração das pessoas.
Estima-se que o investimento inicial da empresa, que tem apoio de investidores de Hong Kong, gire em torno de 1 milhão de euros, recursos que foram destinados para a produção de moldes e compra de modernas máquinas, que incluem equipamento de injeção e moldagem rotacional para acabamentos mais detalhados. Os produtos serão fabricados na Itália e na China, aproveitando-se de diferentes habilidades de produção.
“Eu acredito que as empresas de design precisam repensar inteiramente suas estratégias, de modo que um produto possa atingir diretamente o consumidor” – Giovannoni
CONHEÇA A COLEÇÃO DA QEEBOO
A peça ícone de Stefano Giovannoni para a coleção da QEEBOO é a cadeira Rabbit (Coelho), disponível nas versões adulta e infantil; o produto conta ainda com uma versão com lâmpada. Disponível em 9 cores, as orelhas foram esculpidas para atuar como encosto ou descansar os antebraços, conforme a posição escolhida para sentar, e o corpo do coelho atua como assento. Outras peças são a luminária Small e a cadeira K – projetada, segundo a marca, para se tornar o novo arquétipo do segmento.
Eslovena, a designer Nika Zupanc apresenta peças que carregam um componente emocional, definido como um estilo “punk elegante”. Exemplos estão na Cadeira Ribbon (Fita), no abajur Daisy em forma de margarida e com pétala ajustável para direcionar a luz; ou mesma na ‘sedutora’ Luminária Cherry (Cereja).
A coleção B.B de Marcel Wanders é formada por cadeira, luminárias de piso e de mesa e uma mesa de jantar. Descrito pelo New York Times como a “Lady Gaga do Design”, suas peças substituem a frieza da industrialização pela poesia e imaginação.
Muitas das peças criadas por Richard Hutten, como a luminária Superform, são inspiradas em círculos – que causam fascínio no designer holandês. A peça está disponível na cor cinza, translúcida e tons de mel.
O arquiteto e designer italiano Andrea Branzi adota formas orgânicas-conceitual em suas peças, como na poltrona Pupa e no vaso Korall.
O Studio Front, de Anna Lindgren e Sofia Lagerkvist, explora curvas e linhas que se cruzam na cadeira Loop. Dinâmica e assimétrica, a peça desafia o processo de moldagem do plástico por injeção ao mesmo tempo em que revela as possibilidades de manipular o material.
A coleção da Qeeboo evidencia a visão lúdica de Stefano Giovannoni, mas também reflete o estilo de cada designer
DESIGN DEMOCRÁTICO
É impossível falar da QEEBOO e não lembrar da TOG – All Creators Together, capitaneada por Philippe Starck em parceria com a brasileira Grendene e outros investidores, que nasceu em 2014 – também durante a semana do iSaloni – com a promessa de oferecer design democrático. Os móveis da TOG, produzidos principalmente a partir de plástico, também são assinados por designers de renome, como Starck, Ambroise Maggiar, Sebastian Bergne, Nicola Rapetti, Sam Hecht e Kim Colin, Dai Sugasawa e Jonathan Bui Quang Da.
A fabricante também aposta na personalização das peças, em colaboração com um banco de artistas, designers e artesãos. No Brasil, o designer Marcelo Rosenbaum e o Estúdio Fetiche Design desenvolveram várias artes e acessórios para a personalização dos móveis – todos fabricados na Itália e distribuídos para as lojas da marca. Contudo, as operações da loja conceito em São Paulo foram encerradas em 2015, devido ao baixo retorno das vendas no país.