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Criativos brasileiros – arquitetos, designers, estúdios e marceneiros – reunidos para apresentar cadeiras de balanço e estimular memórias da nossa infância. Essa é a proposta do Projeto Balanço que está em exposição no Museu da Casa Brasileira (MCB), em São Paulo (SP), até o dia 16 de outubro.

Localizados no jardim da instituição, a exposição apresenta 13 balanços – com diferentes características de design e um sentimento associado de diversão e aventura, assim como a infância em fazendas, clubes e parques ou outros ambientes. Os curadores também procuram privilegiar a produção do design nacional e resgatar a “memória” em torno desse mobiliário, que tem sido esquecido por fabricantes e profissionais.

“O balanço é um dos itens do mobiliário de que mais gosto, por despertar muitas memórias boas da minha vida e por ter diversas possibilidades de uso. Em minha infância, toda casa tinha um balanço no quintal, que era usado por todas as pessoas, fosse para brincar, descansar ou namorar. Isto já não é tão comum, mas torço para que retomemos esse hábito, que nos convida a dar pequenas desconectadas e nos aproxima da natureza”, comenta Hugo França.

Projeto Balanço

Os balanços, com obras criadas desde 2013, são assinados por Alander Especie (Migramach), Carol Gay (Noar), Coletivo PAX.ARQ (Cocar), Estúdio Tri Design (Ibira), Marcenaria Baraúna (Amor Perfeito), Paulo Alves e Luis Suzuki (Atibaia), Renata Moura (Trama), Rodrigo Ambrósio (Ajuá), Rodrigo Ohtake (BC), Sérgio Matos (Bodocongó) e Zanini de Zanine (Sobra). Para a exposição também houve o lançamento de modelos criados por Hugo França (Yaraui) e Ruy Ohtake (Pêndulo).

 

 

Projeto Balanço – obras e autores

Balanço Bodocongó: Colheres de pau das feiras livres de Campina Grande, na Paraíba, ganham vida nas mãos de artesãos comandados por Sérgio Matos. O balanço traz a influência da cultura artesanal nordestina no trabalho do designer.

Balanço Sobra: A peça traz quatro placas de vigas de ipê unidas por pedaços menores e suspensas em suas extremidades. Zanini de Zanine valoriza a madeira de demolição, matéria-prima a partir da qual produz móveis com a técnica de Carpintaria Contemporânea.

Balanço Trama: Elaborado por Renata Moura com base em um assento de cadeira perfurada e trançada com cordas coloridas

Balanço No Ar: Elaborado com câmara de pneu reciclada e estrutura em aço inox, o balanço de Carol Gay é um verdadeiro origami de borracha. A peça é feita em conjunto com uma associação de artesãs costureiras e com material reciclado.

Balanço Cocar: Fabricado em acrílico e costurado por fitas de nylon que possibilitam sua amarração e sustentação, Cocar é transparente, permitindo interações com a paisagem e o entorno. A produção é do Coletivo PAX.ARQ e você pode conhecer mais sobre o trabalho de Paula Sertório e Victor Paixão nesta reportagem.

Balanço Amor Perfeito: A Marcenaria Baraúna propõe assento em planos inclinados alternados, compondo o sentar como em uma “namoradeira”. Com dois lugares, a peça é estruturada com travessas cilíndricas em madeira maciça (Cabreúva e Ipê).

 

 

Projeto Balanço – mobiliário e diversão

Balanço Atibaia: A peça, feita com madeira de demolição certificada, é um desdobramento do projeto da cadeira Atibaia, ganhadora do 1º lugar na categoria mobiliário do 23º Prêmio Design MCB, feita em parceria pelos designers Paulo Alves e Luís Suzuki.

Balanço Migramach: Alander Especie é escultor, designer e artista de instalações cuja prática de trabalho intensivo é baseada na tecelagem tradicional – o macramê. Em seu balanço têxtil, buscou inspiração em um ponto dado ao macramê.

Balanço Ibira: A peça faz homenagem à cultura indígena e sua maneira artesanal de trabalhar a madeira. Ibira vem do Tupi, que significa madeira. Seus três cilindros torneados fazem referência ao conjunto de troncos que formam a floresta nativa.

Balanço BC: Os balanços foram feitos com estrutura tubular de aço e assento em tela sintética. A peça desenhada por Rodrigo Ohtake não precisa de fixação no teto ou em estruturas típicas de balanços e pode ser usada em ambientes interno e externo.

Balanço Ajuá: Inspirado em formas orgânicas, o balanço de Rodrigo Ambrosio foi produzido em bloco único de madeira de jaqueira esculpido. Ajuá, “fruta com espinho” em tupi-guarani, possui textura que remete às saliências pontiagudas da casca da jaca. A peça foi produzida em parceria com o escultor André da Marinheira.

Balanço Pêndulo: Ao assinar sua peça, o consagrado arquiteto Ruy Ohtake se manteve fiel às curvas e sinuosidade de suas obras e mobiliário – confira reportagem neste link.

Balanço Yaraui: Segundo Hugo França, o balanço é um dos itens do mobiliário de que mais gosta, por despertar muitas memórias boas e por ter diversas possibilidades de uso. Para o projeto, ele reaproveitou resíduos florestais para a produção do balanço Yaraui.

 

A inauguração da mostra Projeto Balanço ocorreu junto à inauguração de outras duas exposições, também no MCB: Design Mirim e Hugo França: Escalas em Contraste

 

Exposições MCB

A inauguração da mostra Projeto Balanço, uma iniciativa do BOOMSPDESIGN, ocorreu junto à inauguração de outras duas exposições, também no MCB: Design Mirim, que apresenta a vida adulta miniaturizada por meio de mobiliário e objetos de uso cotidiano reduzidos à escala infantil; e Hugo França: Escalas em Contraste, que traz obras do artista em grande formato e pequenas miniaturas.

As mostras também têm duração até o dia 16 de outubro e outras informações podem ser obtidas no site do Museu ou pelo telefone (11) 3026-3913.

 

Hugo França é considerado um dos mestres da madeira

 

Hugo França

O gaúcho Hugo França, nascido em 1954, é considerado um dos mestres da madeira. Em busca de uma vida mais próxima da natureza, mudou-se para Trancoso (BA), onde viveu por 15 anos. Foi lá que percebeu o grau de desperdício na extração e uso da madeira, vivência que passou a pautar seu trabalho como designer.

Produzindo “esculturas mobiliárias”, o profissional utiliza resíduos florestais e urbanos –  árvores condenadas naturalmente, por ação das intempéries ou pela ação do homem. Suas formas, buracos, rachaduras, marcas de queimada e da ação do tempo provocam a sensibilidade e acabam conduzindo Hugo França a um desenho cuidadosamente escolhido – com intervenção mínima nas peças.