Formado pelos amigos Antonia Almeida e Fabio Esteves, o estúdio 80e8 busca traduzir a relação entre homem e objeto por meio da exploração e da maior interação entre eles. “Acreditamos que os objetos precisam ter um sentido para serem criados, pois o mundo está cheio deles. É preciso criar algo que questione, que faça pensar, que seja durável e tenha qualidade”, destacam os profissionais formados em Desenho Industrial pela FAAP.
MOV. é um bom exemplo dessa atuação. “Nos questionamos sobre a padronização e a cultura em massa”.
Por que a indústria produz milhões de objetos idênticos, para milhões de pessoas diferentes?
Por que em um mundo que está em constante movimento, a maioria dos objetos de mobiliário são estáticos?”
A resposta veio com molas adaptadas em bancos, passíveis de reprodução em série, mas que respondem de forma diferente e única a cada indivíduo que o utiliza. “Com essa ideia em mente propomos um objeto que incorpore o ato de se movimentar, de se mexer suavemente e corresponder ao corpo”, explica Antonia.
Processo criativo no Estúdio 80e8
E a oficina da dupla é palco de inúmeras experimentações, testes e buscas por métodos de produção, de forma que o processo criativo se torna tão importante quanto o resultado final. “Cada produto é a materialização de um conceito”.
Atuando com a linha de mobiliário, iluminação e objetos, além de projetos de instalações e interiores, Antonia e Fabio se dividem em algumas tarefas organizacionais, mas atuam em conjunto na criação. “Temos um processo bem fluído, onde um complementa a ideia do outro até chegarmos em um ponto em que os dois estão satisfeitos”.
“Nosso estilo e forma de criar são uma fusão das nossas experiências, vivências e interesses. Não nos prendemos a um estilo único, pois nos interessamos por muitas coisas e seria impossível escolher um único tema”, pondera Esteves. “Nossa escola é a do observar, fazer e testar, com trocas diárias de ideias”, completa.
Produtos e design by 80e8
A dupla que comanda o Estúdio 80e8 acredita que hoje em dia é mais do que necessário agregar valor aos produtos, refletindo sobre a significância deles.
A Luminária Medusa é uma das peças que marca esse trabalho. Ao contrário do “mito”, pode ser observada. Os “cabelos” com as lâmpadas nas pontas são manipuláveis, e seu grande diferencial é que uma peça nunca será igual a outra, uma vez que os tubos de latão são flexíveis e permitem brincar com formas infinitas de composições. Está disponível em quatro versões: parede, mesa, teto e pendente.
Outra peça que marca essa produção de experimentação dos materiais, tirando proveito da forma como eles se comportam e respondem ao que os designers desejam, é o Banco do Conhecimento. O nome, aliás, é uma abreviatura para “o conhecimento como sustento do homem”. Experimentação e funcionalidade se casam nessa peça, que une dois livros alinhados folha a folha, sem cola ou qualquer outro adesivo, para formar o assento do banco. Ele é sustentado por cabos de aço que distribuem as forças para a estrutura metálica.
Antonia Almeida e Fabio Esteves também assinam a Luminária Pendente, que partiu de estudos e observações de elementos geométricos no espaço. Seu design simples e traços leves conferem harmonia ao ambiente, interagindo com a composição da decoração. Na mesma linha podemos citar o Banco Sputnik, que explora formas aerodinâmicas e pernas tipo telescópicas, em alusão à corrida espacial e a influência que esta teve no design da época.