Público nômade e viajante. Cidades e metrópoles. Casas conectadas. Micro apartamentos. Móveis multifuncionais. Urbanização. Espaços flexíveis e inteligentes. É muito provável que você já tenha lido sobre vários desses termos em análises relacionadas ao futuro do morar ou tendências comportamentais. A análise desses temas nos leva a conceitos macro, como Espaços Flexíveis, Micro Habitat ou Micro Housing. A terminologia pode divergir, mas essa discussão vem ganhando importância entre especialistas em arquitetura, design, comportamento, fabricantes de móveis e fornecedores.
As microunidades geram interesse e controvérsias na comunidade imobiliária, e até entre profissionais, mas é consenso que o mercado deve ganhar novos empreendimentos sob este prisma. Com isso, o foco se volta aos layouts eficientes e soluções de design e móveis inovadores. Ou seja, ambientes e móveis precisam exercer dupla função.
Na verdade, o conceito de micro housing já vem sendo debatido nas grandes metrópoles há alguns anos. No Brasil, o tema é mais recente, mas já está em pauta. Levantamento do Zap Imóveis, em São Paulo (SP), mostra que a demanda por apartamentos de até 30 m² cresceu 37% de janeiro a agosto de 2017 em comparação ao mesmo período de 2015 (para imóveis usados).
Os motivos dessa atração vão da localização ao custo-benefício, seja de compra ou aluguel. Em alguns empreendimentos, o que o apartamento não permite, pode ser “compensado” em áreas comuns. Isso inclui espaços de convivência, trabalho e lavanderia. Veja detalhes aqui. É importante frisar que o mobiliário com soluções de armazenamento e sistemas flexíveis ainda não são de baixo custo no Brasil, mas são necessários para atender essa demanda. Nas fotos abaixo, apartamento de 22 m² projetado pelo escritório A Little Design, em Taipei (Taiwan).
Entenda o conceito de Micro Housing
“A relação entre o número de pessoas nas cidades e os espaços disponíveis torna-se cada vez mais desproporcional. Isso faz com que as moradias e espaços comerciais fiquem mais escassos, menores e supervalorizados”, explica Sandra Mohr Ludwig, gerente Executivo Comercial da Schattdecor na América Latina.
A empresa é especialista em design de superfícies e impressão de papéis decorativos que são utilizados pelas indústrias de móveis, painéis de madeira e pisos laminados. Com isso, tem estudado diversas tendências relacionadas ao morar e projetos de espaços comerciais. No seu último trendbook, a Schattdecor detalhou algumas dessas tendências decisivas, que descrevem preferências e estilos de vida dos consumidores em todo o mundo. Entre elas está o conceito de Micro Housing.
“Apenas a construção de mais edifícios não é suficiente. É preciso aliar design e função nos produtos para que esses se adaptem aos pequenos espaços. Quanto mais flexíveis e inteligentes, melhor. E toda essa otimização passa pelo estudo de novos desenhos, padrões e cores para os projetos de mobiliário e interiores”, explica Sandra.
Propostas para o décor, móveis e arquitetura
Dentro dessa proposta de criar ambientes flexíveis e compactos, o Trendbook da Schattdecor indica a utilização de padrões com suaves estruturas de madeiras. Além disso, a decoração prioriza uma atmosfera acolhedora, uso de grafismos e cores claras. Para acessar e baixar o estudo, acesse esse link.
É isso que apontam alguns dos decors criados para revestir móveis, painéis de madeira e pisos. Entre os padrões criados se destacam Canyon Rock Elm, Iceland Pine e Kitami Elm.
“Dentro da proposta Micro Housing é importante valorizar uma atmosfera acolhedora. A decoração, mais compacta e minimalista, também prioriza a otimização, com móveis multifuncionais e áreas flexíveis”, detalha Sandra Mohr. “O uso de grafismos e madeiras mais suaves como pinus e carvalhos, com suas estruturas sutis e modernas, ajudam a alcançar esse cenário”.
Em relação as cores, a profissional lembra que não há uma regra, mas costuma-se priorizar tonalidades claras, como branco, cinza e bege. “Claridade, a ideia de amplitude, sensações visuais e táteis são importantes nessa proposta”. Na linha de produtos impressos por tecnologia digital surgem ainda os decors Perspective e Puzzle.
Micro Housing impacta linha de móveis
Na linha de mobiliário, os sofás também se tornam modulares e adaptáveis. A estética proposta pelos designers é mínima e luxuosa, atendendo necessidades de trabalho e conforto. Formas geométricas são bem comuns, assim como tonalidades aconchegantes. Entre elas, destacam-se: cinza, lilás, rosa millenium e verde pálido, além de variações em tons terrosos. O sistema de sofás “Scafell”, do Studio Deadgood, e a coleção Brixx de Lorenza Bozzoli para Dedon são dois exemplos recentes.
A IKEA é outra gigante do mobiliário que desde 2011 aposta na ideia de soluções multiníveis, armazenamento inteligente e em criar espaços com seus produtos. Na visão do grupo, “a ideia é encontrar e usar espaços escondidos e escolher móveis que façam mais do que uma coisa”. No vídeo acima você confere seis opções de moradias que priorizam esse conceito.
Recentemente, a designer Nina Tolstrupo, do Studiomama, também projetou uma moradia de 13 m² em Londres (Inglaterra). O objetivo era demonstrar a crescente importância das moradias compactas, especialmente tendo em conta as tendências de urbanização e crescimento das megacidades.
“Eu queria usar o projeto para levantar uma questão sobre quais são as coisas que realmente precisamos para viver confortavelmente”, disse. Veja os detalhes do projeto no site do escritório, que terá participação especial na feira Heimtextil. Aliás, a feira alemã também destaca que o futuro será urbano.