“A natureza é um designer de 3,8 bilhões de anos, com o qual temos muito o que aprender”, diz o arquiteto e designer croata Marko Brajovic. Radicado no Brasil há 10 anos, onde comanda seu Atelier na cidade de São Paulo (SP), ele estará presente na conferência What Design Can Do (WDCD) São Paulo 2016. O evento, que acontece nos dias 13 e 14 de dezembro, na FAAP, vai reunir inúmeros profissionais para discutir o poder do design na transformação do mundo.
Um dos grandes nomes nas áreas de design de experiência e biomimética, que estuda as estruturas biológicas da natureza e suas funções, Brajovic conta que este conceito está presente em grande parte dos projetos de cenografia, design de interiores e produtos desenvolvidos em seu estúdio. “Estudando a natureza podemos encontrar várias soluções de projetos”.
Marko explica ainda que para o desenvolvimento de seus projetos, ele pesquisa e instrumentaliza seu processo criativo em três áreas principais: Estudo comportamental (como as pessoas agem), Fenomenologia (como a física age) e Biomimética (como a natureza viva age).
Biomimética como estratégia de inovação
Autor do livro “In Nature We Trust” (na natureza nós acreditamos), Marko Brajovic vai apresentar sua obra no WDCD 2016. A publicação retrata os conceitos e processos criativos dos dez anos de seu ateliê no Brasil. Além disso, os projetos selecionados são aqueles em que a natureza faz o seu papel em vários níveis, de metáforas sugestivas até estratégias de design.
Rico em imagens, diagramas, desenhos técnicos e de projeto, além de textos, o livro de 240 páginas se divide em três macro temas: Manifesto, Arquivos Estratégicos e Obras Selecionadas de 2006 até 2016.
“O livro não tem a intenção de exaurir conceitos, paradigmas científicos ou abordar temas específicos de sustentabilidade. Sua aspiração é introduzir instrumentos experimentais para inovação criativa inspirada na natureza. Ele atende a todos que gostariam de conhecer mais a biomimética como estratégia de inovação”, aponta o arquiteto.
É importante pontuar que a biomimética vai além de reproduzir formas orgânicas da natureza. Não é algo puramente estético, é entender como os elementos, funções e estratégias da natureza funcionam para utilizá-las como soluções projetuais em obras de arquitetura, instalações e produtos, incluindo móveis.
byNature e processo criativo
Em recente entrevista ao canal Arte 1, Marko Brajovic fala sobre o caráter plural e híbrido de seu estúdio, seu processo criativo e como utiliza a natureza como principal inspiração para seus projetos.
Esse engajamento e atuação também deu origem a byNature em 2015. A organização propõe programas anuais de seminários, workshops e treinamentos customizados no meio da Mata Atlântica Brasileira, em Paraty (RJ). O objetivo: estimular a inovação em múltiplas áreas como design, cultura, economia, P&D e ciência através de metodologias específicas em biomimética e imersão em ambientes naturais. Conheça mais detalhes no site do projeto.
A Arca, nome dado pelos moradores da região ao empreendimento que abriga o projeto (fotos abaixo), ganhou o IF Design Award de 2016, na categoria Arquitetura / Exposições e Feiras de Negócios.
Bambu, porque não?
Crítico do termo sustentabilidade, pois acredita que ele está muito mais ligado a ações de publicidade, o arquiteto também defende o uso do bambu na construção civil. “Esse interesse começou em 2002, quando desenvolvemos o projeto de uma casa na Costa Rica. Estudamos bastante sobre o material e sua capacidade surpreendente de renovação”.
Marko acrescenta que é preciso desenvolver outra visão e passar a enxergar diferentes usos para os materiais que se renovam facilmente, como o bambu. “Para mim, é um dos materiais mais high tech da natureza, pois essa capacidade de se renovar com facilidade me interessa muito. Então, por que não usá-lo com mais frequência?”. Veja detalhes do projeto neste link.
Atelier Marko Brajovic
Projetos e ações
No site do Atelier é possível acompanhar os inúmeros projetos do profissional no Brasil, além de outras ações presentes em Milão (Itália), Miami (EUA), Munique (Alemanha), Melbourne (Austrália), Dubai (Emirados Árabes Unidos), Shanghai (China), Buenos Aires (Argentina) e Barcelona (Espanha).
Entre os projetos assinados por Marko Brajovic, por exemplo, está o pavilhão do Brasil para a Expo Milão 2015. A obra temporária foi assinada em conjunto com o Studio Arthur Casas.
A proposta era combinar arquitetura e cenografia que proporcionassem aos visitantes da feira uma experiência capaz de transmitir os valores brasileiros e as aspirações de nossa agricultura diante do tema proposto: alimentando o mundo com soluções. Mais que um edifício temporário, a imersão sensorial integra momentos lúdicos, informações científicas, interação e aprendizado.
“Acreditamos na criação de espaços e objetos que comunicam marcas e valores através uma experiências multi-sensoriais e imersivas”, finaliza o designer.