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A popularidade da recém-lançada série da Netflix, Ordem na Casa com Marie Kondo, traz à cena alguns importantes temas para o mercado de decoração e interiores. Minimalismo, organização, consumo e estilo de vida são alguns dos tópicos presentes em análises de consultorias, blogs e mídias sociais. O programa ajuda as pessoas a organizar, transformar e limpar espaços usando o método de arrumação “KonMari”.

Com oito episódios, a série é inspirada no best-seller de Marie Kondo, lançado em 2011, e que se tornou uma “bíblia” na corrente minimalista. A publicação apresenta métodos para superar a bagunça doméstica, mantendo apenas itens que “despertem alegria”. Ou seja, não se trata de simples técnicas de aproveitamento de espaço, para fazer caber tudo o que uma pessoa tem. A proposta é abrir mão de coisas que não serão usadas e possuir apenas o que é necessário.

Para a autora, o sentido da arrumação é a promoção de uma vida feliz. Ela defende que, ao organizar a casa, a pessoa transformará sua própria vida, pois isso estimula o autoconhecimento e a capacidade de tomar decisões por si mesmo.

Esse comportamento coincide com o modo como estamos começando a viver. Ou seja, os espaços estão se tornando menores e as experiências são cada vez mais importantes do que as posses. Objetos não são símbolos de status da maneira que costumavam ser; luxo não é o que você possui, mas como você vive. Uma pesquisa muito citada da Harris Poll e da Eventbrite descobriu que 78% dos millennials – versus 59% dos baby boomers – “preferem pagar por uma experiência do que obter bens materiais”.

 

A popularidade da recém-lançada série da Netflix, Ordem na Casa com Marie Kondo, traz à cena alguns importantes temas para o mercado de decoração e interiores

 

Marie Kondo impulsiona o minimalismo?

Embora a série da Netflix tenha despertado uma nova apreciação sobre organização, este é apenas um dos recentes impulsionadores das tendências minimalistas que temos visto. A análise foi levantada pela agência de inteligência Mintel. Movimentos como Hygge e design organizacional começaram a surgir na internet em 2015, com inúmeros sites, blogs e imagens no Pinterest. As referências traziam itens cotidianos bem organizados e coordenados por cores. Ou ainda dicas sobre como reorganizar armários para agilizar sua rotina matinal.

Ainda segundo a pesquisa da Mintel, considerando dados do mercado norte-americano, mais adultos dizem que estão organizando com maior frequência os seus lares. Eles são motivados por benefícios emocionais e de saúde. “Isso ajudou a levar a organização a deixar de ser uma tarefa mundana para ganhar status de estilo de vida”.

Inspirado na filosofia japonesa, o método de Kondo não é necessariamente revolucionário, mas coincide com essas mudanças culturais na sociedade americana. Cujo país detém uma economia movida pelo consumo e fortemente influenciada pelo materialismo.

 

 

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Mas ela faz uma ressalva. Afinal, ninguém deve se sentir na obrigação de arrumar seu espaço a partir do método que ela propõe. “A arrumação do espaço, dentro de uma proposta minimalista, é uma escolha pessoal”. Vale ressaltar, os japoneses têm o desafio de transformar pequenos espaços em lugares confortáveis.

Marie Kondo acrescenta que o processo de arrumação não consiste em organizar sua casa ou fazê-la parecer arrumada no calor do momento para os visitantes. “O processo de arrumação representa um momento decisivo. É sobre considerar seriamente o estilo de vida ideal que você deseja”.

 

A arrumação do espaço, dentro de uma proposta minimalista, é uma escolha pessoal explica Marie Kondo

 

Nova mentalidade entre consumidores

Em entrevista a veículos americanos, por ocasião do lançamento da série da Netflix, Kondo reforçou que com a chegada da era moderna de produção em massa, as pessoas passaram a possuir muito mais itens físicos do que antes. “Isso, naturalmente, tornou nossas vidas mais fáceis e convenientes. Mas, como resultado, muitas pessoas começaram a ter muitas coisas. Às vezes, até mais do que o necessário”.

Marie Kondo completa: “Acho que o recente interesse em organizar está mostrando que as pessoas começaram a mudar sua mentalidade. Elas estão sentindo a necessidade de possuir apenas o que é necessário e levar uma vida mais simples”.

Para a Mintel, o novo impulso por trás do método KonMari, terá implicações sobre como os consumidores compram e se envolvem com as marcas. Isso provavelmente influenciará pessoas a comprar de forma mais consciente, em direção a menos peças; porém, de alta qualidade. “Esta é uma oportunidade para marcas encontrarem uma maneira de vincular tendências e comportamentos para mudar o engajamento dos consumidores. Essa será uma tática importante para quem busca se destacar”, avalia a consultoria.

Método KonMari

A organização envolve um processo de passar por todos os pertences. Mas, enquanto a maioria das pessoas ajusta uma pequena área de cada vez, Marie Kondo atua nas categorias, começando com roupas. Ela explica que existem cinco classificações de coisas para organizar. São elas: roupas, diversos (cozinha, banheiro, brinquedos, etc.), livros, papéis e objetos sentimentais.

O método KonMari consiste não apenas na simples arrumação, que remove objetos de seu campo de visão, mas reduzir a quantidade e organizar tudo para que você tenha exatamente aquilo que você precisa, onde precisa.

“O espaço em que vivemos deve ser para a pessoa que estamos nos tornando agora. Não para a pessoa que éramos no passado”.

 

Enquanto a maioria das pessoas ajusta uma pequena área de cada vez, Marie Kondo atua nas categorias, começando com roupas

 

Questionada pela Bloomberg sobre a organização da casa com filhos, ela admite que precisou rever alguns conceitos. Marie têm duas filhas, de dois e três anos. “Antes de ter filhos, meu princípio sempre foi ter a casa perfeitamente arrumada, para que qualquer pessoa pudesse visitá-la a qualquer momento. Agora não posso fazer isso e devo aceitar. Quero ensinar meus filhos a organizar, mas não é bom ficar muito estressado quando não é possível fazê-lo. Por isso, busco encontrar um equilíbrio. Eu arrumo bastante depois que elas vão dormir. Mas quando você faz a arrumação, seus filhos também aprendem a gostar disso”.

Hoje, ela tem uma equipe com 300 consultores independentes que dão cursos com seu método. Além de livros e treinamentos, vende produtos: um conjunto com seis caixinhas de papel para ajudar na organização custa em torno de R$ 330. Seus quatro primeiros livros também venderam 11 milhões de cópias em 40 países.