voltar para o topo
Compartilhe: facebook twitter pinterest whatsapp

Um novo ano está batendo à porta e é chegada a hora das especulações, previsões e apostas em tendências para 2018. O que fica? O que sai? O que muda? Paulo Biacchi, um dos recentes nomes do design brasileiro, incorpora o papel de trendsetter e compartilha cinco macrotendências que deverão dominar o design e a decoração nos próximos meses.

Segundo o profissional, “a macrotendência é uma antecipação da tendência (…) esse processo vai andando e vira moda”. Como exemplo, o designer cita o uso do cobre – muito explorado por Tom Dixon em seus projetos. “Ele incorporou esse produto, já visto como brega no passado, há uma década, e hoje é uma explosão”.

Acompanhando de perto as mudanças comportamentais sobe o design nos últimos anos, Paulo Biacchi assina peças para grandes marcas e é um grande incentivador do tema do it yourself. Ou seja, faça você mesmo! Em seu canal no Youtube, ele ensina seguidores a produzir seu próprio mobiliário e artigos de decoração. Veja detalhes da sua atuação nesta entrevista especial para o Habitus Brasil.

As macrotendências apontadas são: Drama Power, Valorização do processo (feito à mão), Camadas marmorizadas, Sobrevivência tribal e Neutro + Natural. Importante! Algumas já estão acontecendo, sendo confirmadas por grandes marcas.

 

 

Design com atitude! Drama Power

“Produtos muito espalhafatosos, exagerados, excesso de materiais (…) como se o produto quisesse dizer alguma coisa”. É assim que Biacchi identifica a primeira macrotendência desta lista. Denominado por ele como “Drama Power”, o conceito é todo baseado em uma estética forte, pesada e, por vezes, dramática.

Possibilitando a experimentação de diversas formas e materiais – convencionais ou não –, a tendência também se destaca por uma pegada alegre e divertida. Porém, sem abrir mão da sobriedade e sofisticação. Outro ponto destacado pelo designer é a atemporalidade desta tendência, explorando um design difícil de ser datado.

Um exemplo é o trabalho desenvolvido pela portuguesa Boca do Lobo. Conhecida por seu luxury design, a marca busca a cada coleção o equilíbrio entre a riqueza de detalhes e o toque inesperado de cada peça. Como no drama proporcionado pelas esferas metálicas da linha Newton (foto abaixo) ou na singularidade dos pixels amadeirados da linha Frank. O sofá Cipria, dos Irmãos Campana para a Edra, também se encaixa na proposta.

 

Sofá Cipria, dos irmãos Campana para a Edra, se encaixa na proposta Drama Power

 

Macrotendências - Boca do Lobo explora o Drama Power com esferas metálicas da linha Newton

 

Valorização do processo: O novo artesão

Esta não é necessariamente uma previsão. Afinal, o conceito de “novo artesão” já vem sendo observado há algum tempo. Essa proposta reúne peças com sustentabilidade afetiva – que, além de serem exclusivas, ainda contam uma história sobre quem as fez e de onde vieram.

E não estamos falando aqui do velho conceito do artesanato. Mas, sim, de produtos criados e produzidos pelas mãos de arquitetos e designers, muitas vezes industriais, na busca por inovação e pela expansão de seus conhecimentos. O objetivo é valorizar o processo, materiais e técnicas empregados na confecção de cada produto.

Na foto, Banco Sela, produzido por Ricardo Graham – oEbanista. Feito à mão, seu assento é um trabalho escultural com madeiras maciças tropicais.

 

A valorização do processo, do novo artesão, é uma das macrotendências apontadas pelo designer Paulo Biacchi

 

Macrotendências em alta

Hippie chic: Neutro com natural

Basta uma rápida pesquisa por tons neutros e materiais naturais para entendermos o quanto essa proposta vem dominando a decoração e a arquitetura. Trata-se de um contraponto ao Drama Power, diz Paulo Biacchi. “Essa é uma tendência mais individual, voltada para a busca interior”. Mas, claro, uma busca sofisticada!

Ao pensar em objetos e mobiliários que conversem com esse conceito, o designer cita a união da cor branca com o cru, e de tons neutros com elementos naturais. A mescla de superfícies lisas e transparentes com pedras e madeira, é outro exemplo. Um conceito que ilustra bem essa tendência é o termo Glamping (glamour + camping), que coloca o chique e o campestre em um mesmo ambiente. Em outras palavras, como um acampamento de luxo, um hippie chic.

 

Paulo Biacchi cita a união da cor branca com o cru, e de tons neutros com elementos naturais como uma tendência

 

Valorização visual: Camadas marmorizadas

Aqui o foco é puramente estético: alcançar a sensação de níveis. Estamos falando das camadas marmorizadas. E diferente do que muitos podem pensar, Biacchi já antecipa: “a tendência não se aplica apenas aos acabamentos”. Isso mesmo, além das superfícies, também é possível trabalhar as formas do produto.

Para isso, as peças são trabalhadas camada sobre camada, resultando num efeito marmorizado – daí o nome. Apesar da denominação, a técnica pode ser utilizada nos mais diferentes materiais: madeira, pedra, vidro e até tecidos.

Um bom exemplo é a Layers Cloud Chair (cadeira de camadas de nuvens, em tradução livre) de Richard Hutten para a Kvadrat. A peça foi construída com camadas de tecidos coloridos criando uma superfície semelhante às de formações rochosas, porém, com cores super vibrantes. Peças da ceramista e designer Heloisa Galvão também se enquadram na proposta de camadas marmorizadas.

 

Peças da ceramista e designer Heloisa Galvão, também se enquadram na proposta de camadas marmorizadas

 

Um bom exemplo da tendência de camadas marmorizadas é a Layers Cloud Chair de Richard Hutten para a Kvadrat

 

Sobrevivência tribal entre as macrotendências

A última das macrotendências desta lista não poderia ser menos impactante: sobrevivência tribal. Classificada pelo designer Paulo Biacchi como “a mais intensa das previsões”, aqui a busca pela essência está por vir. A escassez de recursos naturais, como a água e a madeira, por exemplo, faz com que valorizemos cada dia mais o natural.

Biacchi prevê um retorno (em termos de design) a hábitos primitivos, selvagens, como no uso de materiais mais brutos, rústicos e crus – tendência que já se confirmou no mundo da moda. Os tons terra e os tons neutros deverão fazer contraste às cores fortes e desenhos marcantes das pinturas tribais também no design de interiores.

 

Sobrevivência tribal é classificada pelo designer Paulo Biacchi como a mais intensa das macrotendências

 

As nuances terrosas já se mostram presente na escolha de algumas das principais fabricantes de tinta. A Coral escolheu Adorno Rupestre, um cinza rosado quente e suave. A Lukscolor vai apostar na Reflection 2295, um azul de base também acinzentada. Para 2018, a Tintas Eucatex trouxe um tom de verde acinzentado, denominado Eucalipto. Já a Tintas Suvinil escolheu a cor Terra Roxa, que traz um tom de laranja queimado.

Em comum, todas celebram a ideia de reconectar a casa com a natureza, um estilo de vida mais simples e saudável, além da sensação de conforto. Aliás, esses movimentos influenciam várias das novas macrotendências observadas na sociedade e no consumo de produtos e serviços.

 

Gostou desse conteúdo? Aproveite para seguir nosso canal no Instagram!