O arquiteto paranaense Jorge Elmor é conhecido por suas obras residenciais e corporativas, e é presença certa assinando espaços em eventos de decoração, como Casa Cor Paraná e Mostra Artefacto. Mais recentemente está se aventurando também no design autoral de móveis.
Mestre em Estruturas de Madeira, tendo estudado na Universidade Técnica de Viena, na Áustria, essa faceta já fazia parte de sua produção, mas em menor escala. Uma prévia do que viria ao mercado foi dada por Elmor na Mostra Artefacto 2015. No ambiente projetado por ele chamava atenção a linha de luminárias DOTS – assinada em parceria com o designer Alberth Diego.
As luminárias trazem a ideia da “corda eletrificada”, que permite posicionar o ponto de luz distante da entrada de energia. As peças são feitas com botões em metal nos acabamentos cromado, dourado, cobre e preto, e com cordas navais também disponíveis em diferentes cores: verde, azul, cinza e bege.
Produzida pela DSGNSelo, empresa de Alberth Diego, a DOTS se mostra um produto versátil e dinâmico devido às suas múltiplas aplicações e, também, aos desdobramentos da linha, com botões, bocais, arandelas, pendentes e abajur. A proposta dos profissionais é transformar a linha num sistema de iluminação, ampliando as possibilidades do projeto e interagindo com a arquitetura.
Agora, essa vertente de produtos contemporâneos se consolida na produção de móveis e foi exposta com a recente participação de Jorge Elmor na Feira High Design Home & Design Expo, dedicada ao segmento de mobiliário de alta decoração e design de interiores. A feira foi realizada em São Paulo (SP).
Para o futuro, Elmor revela que pretende participar de novas feiras para mostrar suas produções autorais e também investir em prêmios como o iF Design Award e Museu da Casa Brasileira. Para saber mais detalhes desse plano e sobre a produção de mobiliário e acessórios de decoração, fizemos uma entrevista com o arquiteto. Confira!
A criação de Jorge Elmor
A sua carreira no campo da arquitetura e design de interiores está consolidada. Quanto aos móveis, a trajetória é mais recente. Quando teve início essa atuação mais específica com mobiliário?
A arquitetura e o design de produto estão intimamente ligados e minha abordagem projetual sempre partiu da escala humana para pensar os espaços. Portanto, foi um caminho natural. Eu desenhava móveis para alguns projetos de arquitetura, mas nunca havia atrelado minhas criações a uma produção em escala. Já era um desejo antigo, mas que precisava de maturação e tempo para desenvolvimento.
Desde sua formação existia esse desejo de atuar também com móveis?
Se não o desejo em atuar, certamente já tinha a admiração de tantos outros arquitetos que também atuaram nessa seara e nos deixaram um belíssimo legado.
Quais os desafios de se desenhar mobiliário assinado no Brasil?
Temos algumas limitações tecnológicas se comparados a Europa, Estados Unidos ou Ásia. Mas ao mesmo tempo temos muita gente competente, criativa e empreendedora. Tanto no desenvolvimento da Poltrona Pelicano quanto na linha Dots de iluminação – que desenvolvi em parceira com o designer Alberth Diego – encontramos micro-empresários ou industriais dispostos e desenvolver um produto novo e com qualidade.
A poltrona Pelicano chamou atenção na Feira High Design. Como se deu a concepção da peça?
Tenho ascendência escandinava e isso, de alguma maneira, influencia meu trabalho. Seja na escolha dos materiais, naturais e despojados, ou nas formas minimalistas, mas acolhedoras. Suas linhas têm DNA escandinavo, mas sua roupagem é bem brasileira, com madeiras tropicais e a tradicional palhinha no assento. Até sua ergonomia reflete bem a cultura brasileira, com um “sentar” mais informal e relaxado.
A poltrona Pelicano é confeccionada com madeiras nobres provenientes de fontes naturais sustentáveis, e com as tradicionais técnicas de marcenaria aliadas a alta tecnologia de fabricação com máquinas CNC (Computer Numeric Control).
Poltrona Pelicano
Feita em madeira Tauari ou Imbuia, proveniente de florestas com certificação, a Poltrona Pelicano pode ter o assento em couro, tecido ou palha. Tanto na madeira quanto nos assentos, as cores são variadas, o que permite personalizar a peça de acordo com o espaço onde ela ficará exposta. “Com laterais que lembram a cabeça do grande pássaro, a Pelicano é robusta e leve ao mesmo tempo, e suas elegantes linhas se encaixam em qualquer ambiente”, conta Jorge Elmor. A poltrona é fabricada pela Decormade, mesma fábrica que produz algumas das premiadas poltronas de Sergio Rodrigues.
A Pelicano é um crossover escandinavo com o design e o comportamento brasileiro
Qual sua avaliação sobre a participação na Feira High Design?
A participação na High Design foi muito positiva. Como foi minha primeira participação não tinha expectativas sobre o resultado e fiquei muito feliz com a boa receptividade do produto e com as encomendas dos mais importantes lojistas do país.
Quais os próximos passos? Pretende participar de mais feiras, tem outras peças em mente para lançamento?
Estou desenvolvendo o protótipo de diversas peças e pretendo lançá-las em breve em feiras especializadas. Acho que são uma ótima vitrine para nossos produtos.
Como imprimir identidade ao mobiliário e conciliar o autoral e o comercial?
Minha preocupação maior não é deixar uma marca registrada. Gosto do belo, prezo os aspectos funcionais e práticos e sou aficionado pelo bom acabamento. Dentro deste universo existem infinitas possibilidades, mais ou menos vendáveis. Na criação, me preocupo em criar um bom projeto e produto. O sucesso comercial é consequência.