A inteligência emocional e as habilidades humanas – apesar de todo o contexto tecnológico – são competências desejadas e que estão se tornando essenciais na vida profissional. Essas são algumas das tendências identificadas no estudo “Futuro do Trabalho”. A pesquisa é uma parceria entre a rede social profissional LinkedIn e a WGSN, empresa de análises e previsão de tendências.
Segundo as companhias, o trabalho cruzou análises de comportamentos e tendências com dados de mercado, para trazer respostas confiáveis sobre o futuro do setor. Ele procurou também mostrar como as aptidões humanas e tecnológicas podem andar juntas e serem complementares no mercado profissional.
“Apesar do pessimismo que ronda o imaginário sobre o futuro do trabalho, identificamos que, quanto maior a utilização de tecnologias no ambiente profissional, mais valorizadas são as habilidades humanas”, afirma Luiz Arruda. Ele é diretor da WGSN Mindset, braço de consultoria especializada da empresa.
O estudo também aborda tendências em educação e formação superior. Além disso, traz dados sobre o ambiente profissional, remuneração, novos consumidores e áreas de trabalho, incluindo orientações de como as pessoas podem se preparar para o que está por vir.
Tecnologia e força de trabalho são vistos como antagonistas há algum tempo, mas deveriam na verdade, ser vistos como aliados. É o que comentar Milton Beck, diretor geral do LinkedIn na América Latina. “Ao longo das últimas décadas, pessoas e estudos diziam que a automatização do trabalho iria ocorrer e empregos deixariam de existir por conta disso. A verdade é que temos visto cada vez mais o surgimento de empregos que dependem da tecnologia para existir, como o cientista de dados, por exemplo”.
Competências humanas
Dentre as descobertas desse estudo, a maior delas é, no mínimo, curiosa. É que esta Quarta Revolução Industrial tem revelado a importância das competências humanas para a gestão e a transformação do mercado de trabalho. “Cultivar a criatividade, desenvolver inteligência emocional e construir empatia são as habilidades que os robôs ainda não podem substituir”. É o que aponta a pesquisa do LinkedIn e WGSN.
Assim, o trabalho identificou 10 competências mais recorrentes nas tendências reunidas pela WGSN. São elas: criatividade, colaboração, transparência, comunidade, compartilhamento, mindfulness, inteligência emocional, capacidade de experimentação, empatia e espírito empreendedor.
“Essas 10 competências serão visíveis em tudo o que envolve a vida profissional. Desde a nossa capacitação para entrada no mercado até a noção que teremos de sucesso e satisfação”, diz Luiz Arruda.
À medida que os humanos se tornam mais digitais, a tecnologia se tornará mais humana.
Outros pontos da pesquisa “Futuro do Trabalho”
A base de todo estudo de tendências é o comportamento humano: como as pessoas estão se comportando, relacionando, suas prioridades. Essa perspectiva é o início de tudo. Antes mesmo que uma revolução na educação venha produzir profissionais preparados para esse futuro, os jovens que estão no mercado já estão causando alterações importantes no modelo corporativo. A identidade é forjada na experiência, que passa a ser mais definidora do que somos; e não mais nossas origens. Esse comportamento tem impacto direto na forma como nos relacionamos com trabalho. E, para os jovens profissionais, se a experiência os define, eles vão experimentar muito.
Isso ajuda a explicar parte da conduta dos Millennials, que não querem “limitar” suas vidas ao trabalho e a um ambiente entre quatro paredes. Isso não é nem um pouco sedutor para eles e, mais grave, não é produtivo. Por isso, essa geração transformou o estilo de vida autônomo em uma de suas maiores marcas. Algo possível graças à mobilidade, boom da tecnologia mobile e pela tolerância com trabalhos remotos – os famosos home offices.
Outra marca desse novo profissional é a empatia. Millennials colocam as pessoas em primeiro lugar. Logo, entendem que os objetivos das empresas precisam partir do bem-estar de seus colaboradores. Para eles, os valores morais influenciam muito as suas decisões profissionais.
Comportamento dos Millennials
Sabendo que esse público é mais propenso a mudar de emprego, em busca de senso de propósito, o LinkedIn avaliou o comportamento profissional dessa geração para apontar as principais indústrias receptivas a esse perfil. De acordo com o relatório “Inside the Mind of Today’s Candidate” da marca, as três principais razões pelas quais eles decidem mudar de emprego são, respectivamente: falta de oportunidades de progressão na carreira; compensação/recompensas insatisfatórias; e falta de trabalho desafiador. Dito isso, vale destacar também que essa geração é muito mais flexível: 50% mais propensa a se mudar para uma nova função.
A nova educação (fundamental e de ensino superior)
Escolas e startups de educação estão adotando estratégias inovadoras para preparar os estudantes. Afinal, cresce a necessidade de prepara-los para tecnologias que ainda precisam ser inventadas. Com isso, o currículo escolar começa a contemplar ferramentas e metodologias bem menos ortodoxas, como gamification e design thinking. Esses conceitos, aliás, devem ganhar força na grade escolar.
Coerentemente com o que o mercado de trabalho tem exigido, criatividade e colaboração se tornam competências fundamentais a serem desenvolvidas desde o ensino fundamental.
E não poderia ser diferente no ensino superior. As empresas do futuro vão procurar funcionários com uma gama diversificada de habilidades; que combinam capacidades técnicas com inteligência emocional e social. São essas características que os cursos estão desenvolvendo nos futuros profissionais, diz o estudo LinkedIn e WGSN. Em paralelo, as plataformas de aprendizagem online, ou e-learning, ganham força.
Novos ambientes profissionais
Esclarecido como serão os profissionais, a melhor forma de se conseguir imaginar o ambiente de trabalho do futuro é desconstruir a noção de “limites” físicos e comportamentais. É nítida que a satisfação com esse espaço conceitual é determinante para a realização profissional e ele estará cada vez mais livre de paredes e formalidades. A flexibilização de carga horária e de local de trabalho deixará de ser uma possibilidade para ser uma necessidade.
É esperado também que a troca de chefes e equipes sejam mais frequentes e sinceras. Esse movimento atende a uma demanda por rápida adaptação e satisfação. Hão há tempo a se perder com formalidades desnecessárias. Da mesma maneira, a presença de diversidade étnica, racial, de crenças e de formações será uma realidade óbvia nas empresas. Ao mesmo tempo, isso demandará políticas igualmente transparentes de oportunidades, reconhecimento e remuneração justa.
O FUTURO DO TRABALHO
É claro que a existência da inteligência artificial convida à criação de novas categorias de trabalho. Para Svetlana Sicular, vice-presidente de pesquisa do Gartner, isso vai “eliminando milhões de cargos de nível médio e baixo e criando milhões de novas posições de alta qualificação”.
Um artigo da revista MIT Sloan, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), cita um estudo global da Accenture PLC com mais de 1.000 grandes empresas. Elas já estão usando ou testando Inteligência Artificial (AI), e identificaram o surgimento de categorias inteiras com atribuições exclusivamente humanas. São elas: Trainers, Explainers e Sustainers. Ou seja, os que treinam, os que explicam e os que sustentam. Em resumo, o futuro nos obriga a aprimorar e desenvolver competências humanas dentro de tecnologia e serviços. É nesse movimento que reside a aposta na criação de novas profissões.
Para investigar a origem dessas novas características, que vão definir o mercado e as profissões, o estudo rastreou as tendências dos últimos dois anos para chegar nas três maiores apostas dos especialistas para o futuro. Confira!
O futuro é híbrido e colaborativo
A humanidade floresceu graças à colaboração. Nós humanos fazemos isso extremamente bem. Então por que não aplicar essa mesma relação colaborativa entre pessoas e máquinas? A indústria de robótica colaborativa está projetada para valer mais de US$ 1 bilhão até 2020, à medida que entramos em uma nova era de formação de equipes de robôs humanos.
Reescrevendo os códigos de criatividade
De códigos biológicos a códigos de vestimenta, passando por códigos de comportamento. Logo, será possível reprojetar quase tudo. A natureza e a tecnologia serão intimamente misturadas para criar novos sistemas, materiais e produtos. É a fusão dos mundos físico e digital.
A emoção no centro de tudo
O quociente emocional (QE) está emergindo como uma habilidade desejada e essencial na vida profissional. Ao mesmo tempo, o terceiro setor está sendo entregue a sistemas automatizados. Devemos nos perguntar como as empresas podem construir inteligência emocional em serviços e na cadeia de valor? Como atender a consumidores que se importam com os valores das empresas de quem contratam serviços e compram produtos? Como refletir esses valores nas marcas? E como garantir uma relação mais emocional com consumidores, como um contrapeso a tão alta tecnologia?