Vivemos tempos de tecnologia, conexão e mudanças na forma de morar, decorar e consumir produtos. Marcas também precisam criar oportunidades para se relacionar com seus públicos – de forma virtual e presencial – para expor suas novidades e criar engajamento real. Com isso, cresce o desafio dos organizadores de feiras, como a ForMóbile – Feira Internacional da Indústria de Móveis e Madeira. Na edição desse ano, por exemplo, o evento apostou na geração de conteúdo para promover essa troca de informação, relacionamento e negócios.
Com mais de 70 horas de apresentações, entre palestras, talks e painéis, a ForMóbile inovou em seu formato de exposição. “Estreamos novo pavilhão e consolidamos esse modelo com áreas simultâneas de conteúdo. Isso ajudou a diversificar e qualificar o público visitante, que superou a marca de 59 mil profissionais”, detalha Liliane Bortolucci, diretora da ForMóbile. “Esse foi um dos acertos do evento, atendendo diferentes necessidades de industriais, arquitetos, designers e marceneiros. Embora sejam complementares na prática, esses públicos não buscam a mesma informação”, acrescenta.
Realizada entre os dias 10 e 13 de julho, no São Paulo Expo, a feira ofereceu uma ampla visão sobre inúmeros temas. Entre eles, comportamento do consumidor; tendências, cores e design; gestão comercial e fabril; panorama industrial; Indústria 4.0; aplicação de produtos e comunicação digital, entre outros temas.
Rede de conteúdos na ForMóbile
“A ForMóbile é de grande importância para o segmento, pois ela dá base para o desenvolvimento de novos móveis. Ela te permite fazer networking e acumular uma bagagem muito grande sobre insumos, tecnologia e tendências. Essa rede de conexões é fundamental para qualquer profissional envolvido com a cadeia produtiva”, assegura Maurício Siqueira, diretor da Siq Marketing.
Sabina Deweik, cool hunter e uma das palestrantes convidadas do ForMóbile Trends, expôs a importância de radiografar essa série de informações e como elas afetam os projetos de arquitetura e interiores. “Ao estudar a diversidade de comportamentos do consumidor, as marcas podem conversar melhor com seus públicos e criar melhores produtos e serviços. Isso é essencial para garantir uma relação autêntica e que não seja apenas de venda. É o que chamamos de economia da experiência e da sensorialidade”.
Palestrantes no espaço Indústria do Futuro, Kika Mattos, arquiteta sócia da Triart Arquitetura, e Thaís Lauton, editora-chefe da Casa & Jardim, também listaram sete tendências europeias que podem influenciar a fabricação de móveis. São elas: Vivência; Coautoria; Inspirações não convencionais; Resgate de processos e materiais; Novos usos de materiais; Conforto high tech e Abraçar causas. Confira um resumo nesse post. O tema da coabitação é outra megatendência a influenciar esse cenário.
Espaço Maker na ForMóbile: On e Off reunidos
Para Tatiano Segalin, Show Manager da ForMóbile, além de contar com as soluções que cada empresa expositora oferece, é preciso criar novas experiências. “Uma feira de negócios, com diferentes soluções para você explorar e extrair insights, passa a ser uma exigência nesse cenário de constante transformação”, pondera. Confira, neste link, algumas das inovações em máquinas, equipamentos, ferragens, matérias-primas e insumos apresentadas pelos expositores.
E mesmo na era da internet, a presença física é muito relevante, como demonstrou a iniciativa do Espaço Maker. Importantes na divulgação da marcenaria pelas redes sociais, diversos youtubers fizeram apresentações ao vivo durante os quatro dias de exposição. A atração foi uma realização em parceria com Daniel Stopa, do Stopa Lab, com patrocínio da Duratex e Blum. As marcas Bosh e Razi também apoiaram a iniciativa.
“O objetivo era que o público pudesse vivenciar a produção de peças de mobiliário e trocar experiências. Foi muito importante ainda reunir essa comunidade que leva conhecimento para o mercado e os amantes da marcenaria dentro da principal feira do segmento”.
Professor de marcenaria, Daniel lembra que o movimento maker é uma extensão da cultura do “Faça Você Mesmo” (Do it yourself, em inglês). A proposta é incentivar pessoas comuns a fazerem seus próprios objetos, incluindo móveis de madeira. “Aqui, as pessoas são protagonistas e podem fazer as suas próprias peças. Isso propicia maior diversidade e dinâmica ao mercado. Também exige que o marceneiro se profissionalize, conheça tendências e adote o design como diferencial de posicionamento do seu produto”, detalha Stopa.
“Ao dominar esses conceitos e dar uma identidade própria ao seu móvel, seja pela combinação de cores, uso de ferragens ou aplicação de diferentes matérias-primas, o marceneiro ganha novo status”, completa. Veja mais detalhes da apresentação no vídeo abaixo.
Madeira Maciça
O segmento de madeira maciça também ganhou projeção nessa edição da ForMóbile e volta a estar presente em 2020. Com apoio da ABIMCI (Associação da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), uma rede de atividades foi disponibilizada ao público para valorizar o setor e levar mais informações aos fabricantes de móveis. Bienal, a próxima edição já tem data marcada: de 30 de junho a 03 de julho de 2020.
Perspectivas para o setor moveleiro
Palestrante no espaço Indústria do Futuro e economista do IEMI, Marcelo Prado, ressalta que a ForMóbile ocorreu em um momento de retomada do mercado. “A produção física de móveis em 2017 voltou a crescer 0,3% sobre 2016, após quedas consecutivas nos três anos anteriores, somando 16,3% no período. Embora tímido, essa estabilização dá início a uma retomada no mercado nacional moveleiro. Para 2018, as estimativas preliminares apontam para um crescimento de 4,2% na produção física de móveis”.
Além do conturbado período político e econômico, o fim do boom imobiliário é apontado como causa para essas perdas. “Na crise, principalmente entre as classes mais baixas, a demanda por móveis novos é afetada”, lembra Prado.
Ainda assim, nos próximos cinco anos, o IEMI estima uma expansão de 15,4% na produção de móveis e colchões. Uma média de 2,9% ao ano. Mas para o economista, só vai acompanhar essa curva de crescimento – ou ultrapassá-la – a indústria que verdadeiramente agregar diferencial ao produto e souber como expor isso ao consumidor. “A informação só tem o poder de transformar quando bem gerida dentro da empresa. Qualquer plano estratégico produzirá resultados efetivos, se houver uma boa gestão da informação”, afirma.
Nesse ponto, o designer Diogo de Hercule foi enfático em sua apresentação. “Não existe uma metodologia mágica ou uma ferramenta que resolva todos os problemas na hora de projetar um móvel. É preciso acumular experiências, acompanhar o mercado/concorrentes e trocar informações”.
Gerente de Inovação & Desenvolvimento do Grupo Caemmun, de Arapongas (PR), o profissional lembra a importância de acompanhar mercados adjacentes. “Como será a TV daqui dez anos? Além dos móveis, quais são as tendências nos mercados de tintas, pisos, tecidos e eletrodomésticos? O que as redes sociais nos dizem? Todo esse conjunto revela dados para novos desenvolvimentos”. Preparados?