voltar para o topo
Compartilhe: facebook twitter pinterest whatsapp

Embora detenha formação como arquiteto e desenhista industrial, Fernando Mendes se autodefine como designer-marceneiro, ou artífice, e confessa: “O próprio fazer da marcenaria me inspira”. O profissional, que teve a oportunidade de trabalhar por sete anos no estúdio de Sergio Rodrigues, entre outros anos produzindo peças do mesmo, conta que isso representou mais do que as duas faculdades que cursou. “Lá aprendi a importância do entusiasmo ao se projetar um sofá, uma casa ou um ambiente”.

Profundo conhecer das potencialidades e beleza da madeira, Fernando Mendes valoriza cortes, encaixes, tratamento de superfícies e veios, assim como usinagem e finalização artesanal. Esse conjunto, diz, permite obter um móvel de grande valor agregado, com soluções simples e que garantem objetos únicos e fabricação especializada.

De fato, a madeira não é apenas a matéria-prima com que ele cria beleza e funcionalidade para cadeiras, poltronas e mesas. Suas peças também chamam a atenção pela ausência de quinas, pontas e arestas. Os ângulos retos são suavizados pelos contornos e pelo arredondado das formas. De acordo com Zuenir Ventura, escritor e jornalista, é como se ele quisesse citar Oscar Niemeyer, que dizia: “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível. O que me atrai é a curva livre e sensual”.

 

 

Fernando Mendes – Criar e fazer

Do convívio com Sergio Rodrigues, o designer também aprendeu a valorizar o produto da marcenaria artesanal, aquela feita de conhecimento, paciência e técnica na construção de cada detalhe, mistura de soluções precisas e respeito pelo projeto. “Meu trabalho sempre teve uma ligação estreita com o fazer da marcenaria”, explica Mendes.

Para o profissional, há uma ligação indissociável entre o criar e o fazer, e o conhecimento de como fazer é parte de saber projetar. “Se um dia eu fizer uma peça de ferro, vou ter que visitar uma serralheria para saber como se corta, como se dobra, qual máquina será usada, etc”. O entendimento sobre a fabricação de cada peça, incluindo soluções de encaixe e proporção, evita equívocos, assegura Mendes.

 

Legado Modernista

Em setembro, o programa Estilo Arte 1 veiculou uma reportagem intitulada Legado Modernista, onde destaca lançamentos do Atelier e apresenta peças autorais e reedições de Sergio Rodrigues. Entre as recentes criações do designer Fernando Mendes na linha de móveis (fotos acima), estão as poltronas Aero, Arbatax e Dina, além do banco Irene e da mesa Didi.

A poltrona Aero (foto abaixo), por exemplo, foi projetada como uma evolução da poltrona Aviador, de 2005, e que ficou com o 1º lugar no 22º Prêmio do Museu da Casa Brasileira de 2008, na categoria mobiliário. Maior e mais robusta, a Aero teve as hastes de aço da Aviador substituídas por travessas parcialmente torneadas, que se transformaram num desafio estrutural e principal elemento estético da poltrona. O nome também é mais uma referência à paixão do autor pela a aeronáutica – fonte de inspiração para vários de seus projetos.

 

A poltrona Aero, por exemplo, foi projetada como uma evolução da poltrona Aviador, de 2005, e que ficou com o 1º lugar no 22º Prêmio do Museu da Casa Brasileira de 2008

 

Maior e mais robusta, a Poltrona Aero teve as hastes de aço da Poltrona Aviador substituídas por travessas parcialmente torneadas

 

 

Instituto Sergio Rodrigues

Além dos seus estudos e personalidade autoral, Fernando Mendes desenvolveu seu estilo baseado, sobretudo, na estreita convivência que manteve com Sergio Rodrigues. Com ele, aprendeu a exercer a inteligência combinatória do design de interiores e da arquitetura estrutural, reforçado pelos traços da brasilidade.

Nos últimos anos, Fernando também tem tido a oportunidade conviver com o grande acervo de desenhos e obras do seu mestre no Instituto Sergio Rodrigues. Desse trabalho, além da reedição e descoberta de novos produtos, teve início uma série de palestras intitulada “Sergio Rodrigues, Seis Décadas de Design”. A apresentação, ministrada por Mendes, traça um panorama da vida e obra desse símbolo do mobiliário brasileiro.

 

 

Falecido em 2014, aos 87 anos, Sergio dedicou 60 anos de sua vida a criação de quase 1.200 peças, muitas das quais tornaram-se ícones de nossa maneira de viver, como a poltrona Mole. Sua última criação, em 2014, foi a poltrona Benjamin.

Para 2017 está previsto ainda o lançamento de um novo livro, que está sob a organização da designer Baba Vacaro e de Fernando, coordenador de pesquisa do Instituto. A parceria e convivência entre ambos também rendeu o licenciamento de cerca de cinquenta peças ao Atelier Fernando Mendes. Confira a lista de produtos neste link.

 

O Atelier Fernando Mendes detém o licenciamento de aproximadamente cinquenta peças do designer Sergio Rodrigues