O conceito de família tem sido revisto e está cada vez mais diversificado e variável. Os laços formados pelos brasileiros (e também no exterior) geraram novas formas de convivência, seja entre pessoas do mesmo sexo, idosos morando com jovens, animais de estimação que são considerados parte da família, pais desempenhando o papel de mães e vice-versa, entre outros. Esse movimento leva a um novo padrão de consumo e esse público se constitui no quarto grupo consumidor identificado pela Mintel como tendência no Brasil para 2016: Famílias Alternativas.
O modo como os brasileiros vivem evoluiu, resultando em novas formas de convivência. As indústrias automotiva e de higiene saíram na frente olhando com atenção e percebendo esse movimento no mercado de consumo. A marca Bepantol Baby, por exemplo, lançou a campanha “Papai Manda Bem”, incentivando os pais a se envolverem mais na educação dos filhos. A empresa também ofereceu mil trocadores de fraldas para serem instalados em banheiros públicos masculinos do Brasil.
Aceitar e defender a igualdade de gênero é um processo recente em nossa sociedade, de amadurecimento – principalmente para as marcas, mas já temos boas iniciativas. No estudo passado lembramos o caso da Adidas, que declarou seu apoio irrestrito a atletas patrocinados que assumirem sua orientação sexual; essa é uma relação de transparência também.
Outro exemplo é a companhia aérea Gol que, no ano passado, comemorou o Dias das Mães com uma série de comerciais demonstrando famílias alternativas e felizes. Em um deles, um casal homossexual comenta o “papel da mãe” e em outro uma mãe solteira faz o papel de pai e mãe.
Além de as marcas mostrarem toda essa diversidade, a pesquisa da Mintel também aponta a necessidade de retratar “pessoas reais” nas campanhas de propaganda e marketing, tendência que já podia ser observada em comerciais da Natura, O Boticário e Dove, que passaram a valorizar a “beleza real”.
Os laboratórios Pfizer fomentaram a interação entre as gerações com a divulgação das peças “Velho Quem?” – Envelhecer Sem Vergonha, que leva a pensar um Brasil que envelhece cada vez mais com qualidade de vida.
Famílias alternativas e viva a diversidade!
Segundo a Mintel, os consumidores se identificam com marcas que aceitam e apoiam diferentes questões demográficas e culturais, e que demonstrem retratar a vida e pessoas reais. Um dos dados que baseiam essa afirmação é que 13% dos consumidores dizem que os anúncios deveriam representar a diversidade. A tendência é que esse número cresça ano após ano, e esses consumidores serão naturalmente levados a investir mais dinheiro e serão fiéis a empresas que atendam e apoiem essa diversidade.
O debate sobre igualdade de gênero vem tão forte, que a Pantone escolheu duas cores para 2016: Rose Quartz 13-1520 e Serenity 15-3919. O comunicado oficial diz:
“Em muitas partes do mundo, estamos experimentando um ‘borrão’ nos gêneros no que se refere à moda que, por sua vez, está impactando as tendências de cores em todas as outras áreas do design”.
Consumo
O não convencional se tornou o novo tradicional. Com os consumidores cada vez mais conscientes sobre as famílias alternativas, os brasileiros tendem a buscar marcas que apresentem características das várias dinâmicas do ‘novo normal’.
Profissionais de marketing que busquem atender a esse crescente grupo terão que olhar para tudo, desde a imagem à linguagem, para garantir que estão se comunicando da maneira mais autêntica possível. Ainda que esses grupos normalmente se sintam mal representados, eles não querem ser muito mimados.
Iniciativas que apoiem as necessidades de uma população cada vez mais diversificada irão ganhar notoriedade em 2016, incluindo moradias flexíveis e locais de trabalho que acomodem as necessidades dos donos de animais de estimação. Vale lembrar, já temos inúmeros fabricantes de móveis apostando no segmento PET. Programas quem apoiem a interação entre pessoas de diferentes idades / gerações serão crescentes também.
The end
Com esta matéria encerramos nossos textos sobre os quatro grupos de consumo apontados pela Mintel para o Brasil em 2016: Heróis da Pechincha, Sede por Mais, Ocupe Brasil e Famílias Alternativas. Também apresentamos em outro texto a macrotendência Lowsumerism. Todas essas informações podem ajudar empresas, profissionais de comunicação e designers a rever e adaptar as estratégias de campanhas e seus modelos de negócio para conquistar ou fidelizar um maior número de cliente.
Em breve, um e-book preparado pelo Habitus Brasil vai fornecer mais informações e dicas para atuar em meio a este novo cenário do consumo. Aguarde!