Unindo a precisão técnica da marcenaria ao conceito artístico do design, o Estúdio Rika vem despontando no mercado de móveis ao romper com o “óbvio”. Fruto da parceria entre os designers Richard Nascimento e Kati Takahashi, o estúdio criou vida graças a um interesse em comum: o design industrial. Formados na área, eles se conheceram durante atividades no Estúdio Campana, após trabalhos em projetos conjuntos. “Ali percebemos uma afinidade e convergência de pensamentos”, relatam os sócios.
Questionados sobre qual a bagagem (técnicas e referências) que cada um trouxe para o negócio, Richard é enfático ao realçar os anos de experiência de Takahashi. “Além de sua formação, o Kati também tem uma empresa de maquetes. Tudo isso resulta em muitas habilidades manuais e precisão, além de conhecimento técnico sobre materiais e processo produtivo.”
Takahashi também elogia as destrezas do parceiro. “Além das suas habilidades manuais e seu conhecimento em 3D e projeto, o Richard é muito bem atualizado no mercado de design. Ele trouxe também aquela vontade de concretizar os projetos; do papel para o real”. Ambos concordam que a sociedade fez florescer ainda mais a vontade de se criar peças próprias e feitas à mão.
Produção artesanal no Estúdio Rika
O “feito à mão”, aliás, é uma das características do Estúdio Rika. “Todo processo é feito manualmente por nós. Contamos com o auxílio de poucas máquinas, como a CNC Router, maquinário de marcenaria, soldas e pintura. Para uma pequena parte que usa tapeçaria e vidro, temos fornecedores que nos ajudam na finalização.”
Nesse contexto, cada produto confeccionado na oficina se torna uma peça única. “Sempre seguirmos o projeto na hora da produção, mas como fazemos à mão, sempre haverá uma pequena diferença entre as peças já produzidas”, contam os designers.
Eles explicam que a confecção, peça por peça, foi uma opção para não trabalharem com maquinário de produção. “Neste caso, o desenho da madeira sempre será diferente. A montagem e o ângulo, além da solda, também”. São diferenças sutis, mas que concedem características ímpares a cada mobiliário.
Aliás, já falamos um pouco do processo criativo deles aqui no Habitus Brasil. Veja o relato nesse post sobre design autoral. Na foto, etapas de produção do Espelho Ondulação.
Rompendo com o óbvio
Com um estilo criativo e inspirados pelas experiências diárias, os designers dizem buscar ao máximo a interação entre formas e materiais. Justamente por isso, o Estúdio Rika é conhecido pelas peças de referências artesanais e lúdicas, mas sem perder a funcionalidade. Para isso, buscam respeitar as características de cada matéria-prima.
Um exemplo é a coleção Ruptura – que traduz bem o trabalho dos designers. “Para dar leveza a peça, escolhemos sair da madeira bruta, reta e rígida. Com uma técnica antiga de marcenaria, aplicamos cortes e rasgos paramétricos, para obter maleabilidade”, explicam Ricardo e Kati. “Isso é possível usando uma máquina de três eixos CNC Router. Conseguimos criar várias peças de diferentes formas e com leves rebaixos ou chanfros.”
O resultado? Itens de design, mas sem perder a funcionalidade do mobiliário. Abaixo, foto do Banco Ruptura.
“A ideia é sempre buscar e tentar recriar técnicas e inspirações ao nosso conceito. Queremos inovar, mas também manter a função do objeto. Isso é muito importante para nós”, detalham os profissionais do Estúdio Rika. Abaixo, exemplares da Poltrona Ruptura.
Explorando formas inusitadas, a coleção Ondulação também traz movimento e diferenciação aos móveis. Ao olhar as peças, é fácil entender a referência aos ambientes aquáticos e nas formas de suas ondas. A combinação dos pontos de vista dos designers resultou em diferentes relevos e manifestações visuais sobre a água. A mesa de centro Ondulação é feita em MDF, esculpido em Router CNC, com pintura e verniz PU. Os pés são em madeira e pedras naturais são coladas no tampo de vidro.
“Somos um estúdio que pensa em desafios. Seja ele criar móveis ou até mesmo criar projetos mais audaciosos. Gostamos de estar atualizados com novos materiais e técnicas, antigas ou modernas. Por isso, participamos de todo o processo, da criação ao produto final”, explicam.
Estúdio Rika: desafios e novidades
Há uma máxima que diz que “duas cabeças pensam melhor do que uma”. No entanto, como isso funciona no processo de criação das peças do estúdio?
A experiência anterior com sócios nos fez adotar uma forma de evitar desentendimentos. Quando começamos um projeto, ambos sugerem ideias através de um conceito ou inspiração. Feito isso, definimos as formas e desenhamos várias ideias até a escolha final. Assim, cada profissional tende a respeitar a ideia do outro e apenas interfere dando opiniões ou sugestões para melhorar ainda mais o projeto. Dentro desse processo acontece a soma de ideias, que no fim resulta em um desenho unânime.
Na visão de vocês, quais os maiores desafios de se empreender no mercado de design de móveis?
Além de todo desafio de levar uma empresa à frente no Brasil, encontramos também restrições no público. Tentamos fazer com que ele entenda que não produzimos apenas um móvel. Mas, sim, todo um conceito em cada peça. São muitas pesquisas, protótipos e testes até chegarmos no resultado final, o qual chamamos de Design Art. Na foto, o Buffet Rock.
O que podemos esperar do Estúdio Rika para 2018?
Tentamos fazer pelo menos um grande lançamento de coleção por semestre, além de outros produtos que vamos lançando no decorrer do ano. Para 2018, já teremos alguns desses lançamentos sendo apresentados na MADE (Mercado.Arte.Design) 2018. A 6ª edição da MADE será realizada de 27 de junho a 1º de julho, na Bienal do Parque Ibiraquera, em São Paulo (SP).
Os produtos do Estúdio Rika também podem ser encontrados na loja Armazém 43, na capital paulista. Ou ainda por meio da plataforma de venda online Boobam – que você pode conhecer nessa matéria. Abaixo, o sofá Triarm.