Já prestou atenção nas fotos de revistas e sites de arquitetura e design? Os ambientes retratados são cheios de beleza, ora em estilos mais rústicos e naturais, ora com ares mais modernos. Detalhes revelam histórias da construção, do móvel e objetos, ou ainda cores e formas. Claro, em boa parte essas diferentes atmosferas são fruto das mentes de arquitetos, designers e decoradores. Mas é a expertise por trás das lentes dos fotógrafos que permite criar um recurso valioso para divulgar esse trabalho.
Existe um cuidado com a combinação e a harmonia entre objetos, o uso inteligente da luz, os olhos apurados para detectar manchas no tapete e amassados na almofada do sofá. O profissional consegue imprimir em suas fotos um olhar muito específico, interpretando os ambientes por meio de ângulos, uso de luz e outros detalhes especiais.
Mas e quando você não pode contar com o auxílio de um profissional (acredite, eles fazem a diferença!), como levar esse diferencial para suas fotos? Afinal, com celulares em mão, estamos sempre atualizando perfis no Instagram ou em outras redes sociais. Principalmente, nesses tempos onde a imagem atrai a atenção de seguidores e fãs.
Seguindo algumas dicas, é possível chegar a um resultado bem interessante. Isso é o que dizem os fotógrafos profissionais Fernando Zequinão e Flávio Ribeiro. Zequinão também é professor de fotografia do Centro Europeu, e Ribeiro ministra cursos particulares focados em fotografia para e-commerces e de ambientes para profissionais e lojistas da área de decoração.
Os conselhos dos profissionais permitem que você melhore o visual, composição, luz e ângulo de suas fotos. Aproveite!
A composição merece (muito) cuidado nas fotos
Como orienta Fernando Zequinão, “não entre em um ambiente e simplesmente comece a fotografar”. Analise primeiro. Geralmente é necessário inserir, retirar ou mudar os objetos e móveis de lugar para criar harmonia e coerência.
Por exemplo, antes de fotografar uma sala de jantar, arrume a mesa, colocando pratos, copos e jarras com água. Ornamente conforme o interesse da divulgação. Tire eventuais etiquetas e esconda o que não quer que apareça. Para retratar um quarto, é interessante que a cama esteja bem arrumada e com lençóis bonitos – a não ser que a intenção seja mostrar uma cama confortavelmente desarrumada. Uma varanda pode ganhar mais charme se tiver vasos com flores.
Outro conselho é usar corredores, móveis, paredes e outras linhas para criar movimento na composição e atrair o olhar do espectador. Aproveitar a geometria dos objetos também é indicado. Acima, foto de Zequinão na Casa Cor Paraná 2016, em ambiente assinado por Viviane Tabalipa.
Todas essas mudanças, claro, sempre respeitando o projeto de arquitetura e decoração. Por isso, se você não é o autor, é uma boa ideia chamá-lo, para que todos os detalhes importantes apareçam, como aconselha Flávio Ribeiro. Na foto abaixo, o fotógrafo aproveita as linhas retas do pergolado para conduzir o olhar do espectador.
Nem tudo precisa entrar no quadro da foto.
Centralizado nem sempre é melhor
Outra dica valiosa é sobre o que mostrar no quadro, levando em consideração os objetivos com a imagem. Normalmente as pessoas tentam encaixar “partes inteiras” na foto. Ao fotografarem um quarto, querem mostrar toda a cama, ou o sofá inteiro quando fotografam uma sala, por exemplo. E, geralmente, esses artigos principais aparecem centralizados.
Mas essa não é sempre a melhor maneira de valorizar os espaços. “Não tenha medo de cortar alguns itens do ambiente, mostrá-los pela metade”, afirma Ribeiro. Por vezes, o quadro que mostra apenas parte da cama, um pedaço do criado-mudo e um pouco do piso é mais interessante do que aquele que apresenta a cama inteira e centralizada. Pesquise esse tipo de foto em sites e revistas de arquitetura e design para se inspirar. Na foto abaixo, Ribeiro sugere uma composição interessante com cortes e pontos desfocados.
Luz: cuidado com a intensidade e a direção
O melhor horário para fotografar, tanto ambientes internos quanto externos, é no final do dia, quando a luz natural está mais branda. Dias com sol a pino não são a melhor opção. “Pode parecer contrassenso, mas um dia nublado proporciona uma boa luz para fotos de interiores. Ou seja, suave e com sombras menos marcadas”, diz Fernando Zequinão.
No caso de ambientes internos, também é possível aproveitar os momentos em que o sol não incide diretamente nas janelas. E sempre usar as ferramentas de iluminação para compensar a exposição, que existem tanto nas câmeras quanto na maioria dos celulares.
Nas câmeras de fotografia há opções para compensar a luz, assim como nos celulares. Ao selecionar o modo para fotografar nos telefones, a maioria oferece a possibilidade de ajustar a luminosidade na própria tela.
A direção da luz é outro fator a ser levado em conta na hora da foto. Assim como a intensidade, ela também influencia no contraste, nas sombras, texturas e reflexos”, explica o fotógrafo.
Lentes e outros artifícios das câmeras e celulares
Alguns itens das câmeras profissionais oferecem possibilidades diferentes para retratar um ambiente. A lente grande angular, por exemplo, permite uma captura que excede o campo de visão do olho humano. “Isso dá um ar mais dramático, deixando a imagem mais interessante”, diz Zequinão. Se essa lente não é uma possibilidade, use o modo “panorâmica”, já disponível em muitos celulares.
As técnicas de composição do quadro vêm muito a calhar quando não se tem acesso a uma lente grande angular ou a um celular com a opção de foto “panorâmica”. Os cortes não são apenas bonitos e interessantes, eles também permitem que o ambiente seja retratado em partes.
Um tripé também faz toda diferença na fotografia de ambientes, segundo os fotógrafos. Principalmente, se a câmera estiver em modo manual. Isso evita movimentos que podem deixar a foto desfocada. O tripé também permite que o fotógrafo ou pessoa possa se movimentar para trabalhar na composição da foto.
Fotos entre ângulos e perspectivas
O ângulo exerce grande influência no resultado da foto. Posicionar a câmera ou o celular para cima ou para baixo é incorreto, porque causa distorções nas arestas de paredes, pilastras, portas e outros elementos, fazendo com que fiquem tortos, detalha Fernando Zequinão.
Para Flávio Ribeiro, “a fotografia de arquitetura e design de interiores precisa, obrigatoriamente, apresentar ângulos retos, pois é assim que os espaços foram projetados”.
Brincar com a perspectiva das fotos também pode ser algo bastante recompensador. Vale procurar um ângulo diferente para expor um elemento ou a abstração de um detalhe do ambiente, que pode dar chance para um outro nível de beleza e apreciação de suas formas.
Fotografando objetos
A fotografia com foco em objetos é um pouco diferente, observam os fotógrafos. Ao contrário do que muitos acreditam, a luz frontal não é a ideal para esses casos, uma vez que tira volume. A luz traseira também não é indicada por deixar o objeto escuro demais. A mais indicada nesses casos é a lateral, de preferência vinda de uma janela, daquela mais suave de fim de tarde.
E, para evitar o excesso de sombras do lado oposto, use uma superfície branca como rebatedor, que pode ser uma cartolina ou uma placa de isopor.
Criar um mini estúdio para fotografar esses objetos, com uma cartolina como fundo branco, também é indicado dependendo do objetivo dessas fotos. Conforme explica Flávio Ribeiro, se as imagens serão usadas em um e-commerce, por exemplo, o ideal é que sejam produzidas dessa forma. Isso porque, nesses casos, todos os detalhes do objeto precisam estar em destaque.