A pirataria é um dos temas que serão abordados no Design Days, durante a Semana de Design de Santa Catarina. O evento acontece de 14 a 17 de agosto, em Balneário Camboriú, com a presença de renomados profissionais em uma programação de palestras e bate-papos. Em sua segunda edição, a iniciativa tem apoio do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB, Associação Brasileira de Designers de Interiores – ABD e Univali.
Para o bate-papo sobre pirataria, que envolve a cópia, imitação e plágio de produtos, estarão presentes os designers Bruno Faucz e Richard Gohr. Também estarão presentes a advogada Frederica Richter e a jornalista Simone Bobsin. O encontro será no dia 15, às 19h30, no Casa Hall Shopping.
Segundo Richard Gohr, existem muitos envolvidos em um processo de cópia: designer, indústria, lojista, especificador e o cliente. “É muito mais fácil copiar alguém, pois aquele produto já foi pensado”, destaca. Arquiteto por formação, Gohr começou a trabalhar no desenvolvimento de produtos em meados da década de 90.
Bruno Faucz, que já expôs em semanas de design de São Paulo, Nova York (EUA), Paris (França) e Milão (Itália), acredita que o design copiado se deve à falta de desenvolvimento e interesse em reduzir custos. “Copiar é um caminho rápido, porque alguém já investiu tempo, recursos e capital intelectual na criação”. Outros tópicos que serão abordados nesse tema são: fiscalização, registro do produto e legislação.
Plágio no mercado autoral e industrial
Em recente entrevista para a Revista Morar Bem, da Eucatex, o designer Paulo Biacchi ressaltou a melhora sobre o entendimento do design dentro da indústria no Brasil. “Mas, ao mesmo tempo, ainda existem cópias; ou melhor, versões. As cópias escancaradas acontecem com as cadeiras do Philippe Starck, por exemplo. O design é tão “flexível”, que você muda uma perna ou característica e já se fala em inspiração”, citou.
O perfil do Decornautas no Instagram, comandado por Allex Colontonio e Andre Rodrigues, também levantou o tema “propriedade intelectual” por ocasião da feira Abimad. De acordo com o post, profissionais como Sergio J. Matos e Guilherme Torres tiveram peças idênticas as suas expostas no evento. “Toda ideia tem um custo que, além do tempo/emocional, é composto por anos de estudos, especializações e experimentações empíricas – vivemos a teoria na prática há décadas”, diz Allex.
Em passagem do post, Sérgio J. Matos também dá sua visão do assunto. “[…] Muitas empresas não querem ter custos com prototipagem e acabam excluindo os designers do processo. Eu chego a gastar R$ 50 mil ao lançar um único produto numa feira, preciso capacitar a mão-de-obra, trabalho em Campina Grande em parceria com uma associação de artesãos: são muitas peças nessa engrenagem”.
DESIGN DAYS FOCA EM 4 EIXOS
A programação do Design Days traz ainda outros destaques – confira a agenda completa aqui. Na verdade, os organizadores elegeram quatro eixos de atuação – cidades, meios de hospedagem, produto e lifestyle. Com isso, almejam discutir a importância do design, arquitetura e decoração no turismo, na rotina das cidades e no cotidiano das pessoas. Os temas consideram ainda o perfil da cidade sede do evento – Balneário Camboriú.
O designer paranaense Ronald Sasson, erradicado em Gramado (RS), abre a rodada de palestras do Design Days. Ele vai abordar sua experiência com peças de edição limitada e projetos de propriedade industrial. Nos últimos 15 anos, Sasson conquistou 22 prêmios – a grande parte internacionais, como o IF Design Award.
Em outra mesa redonda, no dia 16, estarão reunidos os arquitetos Marcelo Salum, Patricia Furukawa, Lu Mendes e Gabi Accorsi. Eles irão falar sobre as tendências de inovação no mercado de arquitetura e decoração. No mesmo dia, a arquiteta Camila Klein compartilhará um pouco da sua trajetória no Design Days. No dia 17, Diogo Giácomo Tomazzi falará sobre processo criativo. Integrante da nova geração de designers, ele vai contar sua experiência com o design autoral de móveis, iluminação e objetos.