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E se os ambientes da casa fossem determinados pelo nosso estado de espírito? Que layout, móveis ou cores essa residência teria? Em Das Haus, durante a IMM Cologne 2019, o estúdio holandês Truly Truly expôs a sua proposta para essa abordagem. Segundo Joel e Kate Booy, designers à frente do projeto, as residências exigem uma abordagem de vida mais orgânica e com ambientes onde as fronteiras entre o trabalho e o ambiente doméstico sejam mais fluídos.

Kate e Joel (ambos com 38 anos, e uma filha recém-nascida) foram convidados a apresentar sua visão da casa do futuro. Eles não escolheram uma divisão tradicional, baseada nas funções (cozinha, sala de estar, banheiro e quarto), mas em quatro emoções: ativo, sereno, recluso e relaxado. “Não estamos dizendo que todos devem dividir sua casa de acordo com essas emoções. Estamos apenas defendendo uma experiência de habitat mais emocional e eficiente”.

Para eles, espaços e atividades devem ser vivenciados e escolhidos conforme o nosso humor ou necessidade. Ou seja, não há lugar claramente definido para dormir. Não há espaço onde você só cozinha ou trabalha. O que não significa que devemos abrir mão da elegância, sutileza dos detalhes e bem-estar.

Aliás, esse é um detalhe a ser elogiado no trabalho de Truly Truly. A capacidade de harmonizar móveis, tecidos, cores, superfícies e materiais contrastantes em um plano aberto chamou atenção. Não havia nada supérfluo em Das Haus, e ainda assim seu design estava longe de ser monótono ou frio.

 

Em Das Haus 2019, o Studio Truly Truly não escolheu uma divisão tradicional para a casa, baseada nas funções, mas em quatro emoções

Para o Studio Truly Truly, espaços e atividades devem ser vivenciados e escolhidos conforme o nosso humor ou necessidade

 

Abordagem emocional em Das Haus

Os designers eliminaram paredes divisórias fixas, substituindo-as por zonas habilmente sintonizadas entre si em materiais, cores e dimensões. O espaço mais “ativo” e central da casa era a cozinha, uma área com cores vitais e uma luz intensa. O layout, fora dos padrões convencionais, reuniu áreas para lavar, preparar, cozinhar e servir bastante separadas. A clássica ilha de cozinha, por exemplo, ganhou vários níveis de assentos. A geladeira e os armários também desaparecem em uma unidade da parede. “A proposta não é cozinhar mais rápido, mas com mais prazer”.

 

A função de um ambiente é sugerida, mas não é ditada pela mobília em Das Haus, na feira IMM Cologne

O espaço mais ativo e central da casa em Das Haus era a cozinha, uma área com cores vitais e uma luz intensa

 

A área de relaxamento ficou ao lado da cozinha, propiciando uma zona de estar confortável e integrada. “Não é um espaço centrado em torno da televisão, mas concebido como uma parte ativa da cozinha”, diz Joel. O espaço também apresentava uma variedade de opções de assentos, alguns dos quais eram solitários e outros agrupados. Flexibilidade para qualquer ritmo de vida ou humor.

Truly Truly explica que para os habitantes imaginários de Das Haus, a serenidade é incorporada pela multifuncionalidade dos espaços. “É muito importante que a casa dê lugar à espontaneidade. Que a mesa possa servir tanto como uma área de refeição, mas também como um espaço de reunião”. É por isso que algumas cadeiras da sala de jantar foram substituídas por cadeiras de escritório. Um pufe também pode ser usado como mesa de café, bem como um assento extra.

 

Os designers eliminaram paredes divisórias fixas em Das Haus, substituindo-as por zonas habilmente sintonizadas entre si em materiais, cores e dimensões

Truly Truly explica que para os habitantes imaginários de Das Haus, a serenidade é incorporada pela multifuncionalidade dos espaços

 

Casa orgânica e funcional

A função de um ambiente é sugerida, mas não é ditada pela mobília. “É importante criar um clima para que os moradores possam sempre encontrar o lugar certo para se adequar ao que desejam naquele momento; de acordo com o ritmo de suas vidas”, acrescenta Joel.

Já a área tranquila da casa, que geralmente inclui o quarto e o banheiro, foi envolvida por uma “parede” de plantas. Natureza orgânica ao invés de paredes fixas. Uma pequena extensão também conduzia a um canto mais sossegado e privativo. Contudo, apenas o quarto parecia ser ligeiramente separado pelo uso de divisórias que agiam como persianas. Materiais naturais e cores quentes deram o tom da decoração.

“É interessante pensar sobre o humor dos espaços em que vivemos e como eles podem ser controlados. A casa é uma ótima composição na qual diferentes elementos se comunicam”. Impossível não concordar com Truly Truly.

Em Das Haus, apenas o quarto parecia ser ligeiramente separado pelo uso de divisórias que agiam como persianas

É interessante pensar sobre o humor dos espaços em que vivemos e como eles podem ser controlados, dizem Joel e Kate Booy

 

DAS HAUS – NOVAS ABORDAGENS DO MORAR

O conceito de Das Haus nasceu em 2012, como peça central de inovação criativa da feira IMM Cologne, na Alemanha. E a lista de designers convidados a participar da ação impressiona: Doshi Levien, Luca Nichetto, Louise Campbell, Neri & Hu, Sebastian Herkner, Todd Bracher e Lucie Koldova.

Esta instalação anual, agora em sua oitava edição, é uma casa residencial simulada com aproximadamente 180 m². Todos os anos, a arquitetura, estruturas, móveis, materiais, cores e as instalações de iluminação são “reinventadas” por um(a) designer ou arquiteto(a). Este conceito permite aos profissionais criar a sua visão pessoal de uma residência ideal.

Imagens: Cortesia da IMM Cologne / Constantin Meyer; Koelnmesse.