Oferecer aos universitários um panorama geral sobre design de móveis, aprofundando em temas da indústria e pensando no consumidor do futuro. Esse é o propósito do Conecta Labs, iniciativa do Grupo Munhoz Caetano, e que chega à sua terceira edição. De quebra, os projetos selecionados têm a oportunidade de serem prototipados e convertidos em produtos de linha. O grupo de Arapongas (PR), entre outras marcas, é detentor da Caemmun Movelaria, Aroma Cozinhas e Líder Design.
Para o designer Diogo de Hercule, gerente de design e inovação do Grupo Munhoz Caetano, além de contribuir na formação dos jovens, o programa traz uma nova mentalidade para a indústria. “Devemos explorar mais o modo colaborativo de conduzir projetos, nos desprendendo de antigos conceitos. Ainda que esse modo de trabalho tenha inúmeros desafios, o resultado é, seguramente, muito positivo. Não podemos nos fechar em nossas próprias ideias”, conta.
O profissional acrescenta que essa ação, além de aproximar os estudantes do mercado de trabalho, ajuda a despertar novas habilidades e competências. “Um dos pontos mais importantes é a possibilidade desses alunos transformarem ideias conceituais de sala de aula em produtos que atendam as expectativas do consumidor”.
Conecta Labs – tour pelo Paraná
A primeira edição reuniu alunos do curso técnico em Design de Móveis do Senai Paraná, de Arapongas (PR). A segunda edição contou com alunos de graduação da FAE Centro Universitário, de Curitiba (PR). Já a terceira edição, que teve início neste mês de maio, conta com alunos da disciplina de Mobiliário do Curso de Design da Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Nas duas primeiras edições, o tema trabalhado foi: “E se o futuro fosse hoje?”. Nos projetos dos móveis, o objetivo era abordar questões como conectividade, otimização de produção e redução de CO². Cada turma compreende um semestre entre o início das atividades e a apresentação das propostas.
Para a terceira edição, com os alunos da UEM, a temática do Conecta Labs é o Mobiliário Ready to Assemble (RTA) – pronto para montar. O elo emocional com o produto, dentro da proposta de salas compartilhadas, é outra abordagem a ser trabalhada. Abaixo, estudantes em processo de imersão e briefing para conhecimento do programa.
Nova abordagem para o mobiliário
No fechamento dos trabalhos com a segunda turma, na sede da FAE, em Curitiba (PR), os alunos participantes tiveram a oportunidade de acompanhar a palestra de Glaucia Binda sobre “Design Emocional”. A profissional é business designer e especialista em design emocional e de superfície.
“Que design e emoção estão interligados de alguma maneira, não é novidade. Mas através deste conceito fica claro que o nosso relacionamento com os objetos do dia a dia vai além de um simples uso. Com eles, reafirmarmos quem somos, a que ‘tribo’ pertencemos ou queremos pertencer”, explica.
A profissional lembra que a expressão “Design Emocional” ganhou notoriedade científica com os estudos de Donald Norman, engenheiro eletricista e Ph.D em psicologia. Ele também é professor da Northwestern University, nos Estados Unidos.
Para Glaucia Binda, o design emocional mostra-se cada vez mais necessário no momento da concepção de um novo projeto. “Através de estudos comportamentais e de neurociência, é possível entender como acessar as emoções dos consumidores e públicos a quem destinam-se os produtos e móveis”. “Na verdade, o design emocional age no subconsciente evocando sensações, fazendo com que consumidores amem (ou odeiem) determinados produtos”.
As empresas Berneck, fabricante de painéis de madeira (MDP, MDF e HDF) e madeira serrada de Pinus e Teca, e Häfele, especialista em ferragens e acessórios para móveis, também foram parceiras estratégicas desta edição. Abaixo, foto da turma de alunos de Design e Arquitetura e Urbanismo da FAE.
Bate-papo com Diogo de Hercule
Quais são os objetivos com os móveis a serem desenvolvidos?
Desejamos que os produtos desenvolvidos não sejam apenas uma vitrine de criatividade, mas que eles atendam as expectativas do futuro das moradias. Além disso, em toda edição, apresentamos os produtos finalistas para nossos clientes com intuito de convertê-los em produtos de linha.
Como as turmas se comportaram no desenvolvimento do projeto?
No início de cada Conecta Labs fazemos uma sensibilização, de forma que eles entendam tudo o que envolve design. Isso vai além da academia, teoria e livros. Procuramos demonstrar e expor como o mercado se comporta, como a indústria enxerga o design e isso faz muita diferença. É ir para a prática mesmo, e antes de ter um diploma na mão. O que a gente percebe é que eles se envolvem não apenas como um trabalho de disciplina, mas com postura e responsabilidade de quem vai atender um cliente.
Em geral, qual é a principal “falha” na compreensão da cadeia produtiva de móveis?
Vejo que eles ainda estão presos aos conceitos antigos da Academia e antes de sentar na “prancheta” é preciso fazer uma imersão no universo daqueles que vão usar o produto. Estabelecer relações, conhecer materiais e seus usos, além dos acabamentos adequados, são outros pontos de abordagem necessários. O design também transcende as questões estéticas e pode contribuir em inúmeros processos dentro uma indústria de móveis.