Recentemente anunciado como novo diretor de Comunicação do Sindmóveis (Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves), Edson Busin acumula vasta experiência no setor moveleiro, incluindo a diretoria de Marketing da Unicasa – detentora das marcas Dell Anno, Favorita, New e Casa Brasileira.

Na empresa há cerca de sete anos, iniciou a carreira no Desenvolvimento de Produtos e, aos poucos, absorveu outras funções. Com a abertura de capital da Unicasa na Bolsa de Valores (2012) – única companhia do setor listada até hoje – assumiu o cargo de Diretor de Marketing, que abrange vários setores da empresa.

Busin é formado em Direito, especializado em Recursos Humanos e em Design Estratégico. “Estudei e acreditei no design como força de trabalho e encontrei empresas que sabiam que esta força seria uma diferenciação para suas marcas. E esta se tornou a minha marca: procurar sempre fazer a diferença!” Para a marca Dell Anno, por exemplo, propôs um posicionamento inédito ao convidar estilistas para assinar design de superfícies, aproximando os universos de Moda e Arquitetura do setor moveleiro.

 

 

Trajetória e desafios frente ao Sindmóveis

O Sindmóveis representa os interesses da indústria moveleira do polo de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, e é responsável pela promoção da feira Movelsul Brasil e do Prêmio Salão Design, com grande relevância no mercado latino-americano. A entidade também gerencia os projetos de promoção das exportações Orchestra Brasil (para o mercado de fornecedores do segmento) e Raiz (voltado ao design e seus profissionais).

 

Como pretende desempenhar a função na diretoria de Comunicação do Sindmóveis e quais desafios espera encontrar?

Como estou assumindo agora ainda não tenho um plano definido. Inicialmente, vou entender o trabalho que já estava sendo feito para, a partir de então, propor minha dinâmica e contribuir com os demais diretores com minha experiência e crenças.

Vejo que o mais importante de tudo é ter a certeza que o Sindmóveis precisa de pessoas que trabalhem em prol do interesse comum. O setor moveleiro, como um todo, é muito rico tanto no poder das grandes empresas que o integram, quanto na importância que o design criado por estas empresas significa para o Brasil. Então, é preciso contar esta história que já vem sendo construída há uns bons anos.

Creio que os desafios sejam muitos, mas acredito também que eu possa ajudar a fazer algo diferente, que faça sentido e possa ser lembrado.

 

Como diretor de Marketing do Grupo Unicasa é preciso administrar campanhas e ações para quatro marcas com públicos distintos. Como é essa experiência e como isso pode ajudar no trabalho frente ao Sindmóveis?

Antes mesmo de administrar a criação de campanhas é preciso criar um posicionamento. Entender exatamente o que se espera de cada marca e para quem ela foi criada, e com quem ela vai conversar. Conseguindo todas estas respostas, a criação de campanhas se torna algo simples e divertido de fazer.

Creio que para o Sindmóveis a lógica seja a mesma. Entender exatamente a missão da entidade e buscar todas as alternativas possíveis para atender as expectativas de quem compõe a entidade. É como se tivéssemos que entender todas as marcas que fazem parte do sindicato e poder transformar em ações que sejam comuns a todos.

 

No tocante às marcas do Grupo Unicasa, como é “vestir a casa” do brasileiro tendo que respeitar tanta miscigenação e universos distintos de gostos, crenças e poderes aquisitivos?

Por mais que “vestir a casa” seja um sinônimo comum às nossas marcas, este slogan é específico para a marca Dell Anno. Então, ser uma opção para a casa dos brasileiros, respeitando todas as culturas e poder econômico, é um grande desafio.

Sempre digo que não é fácil criar posicionamento e produtos para públicos tão próximos. Na verdade, antes mesmo do “bolso dos clientes”, o que temos que entender é o comportamento de consumo. Por isso não podemos nos permitir ao erro. A assertividade em nossas propostas tem que entender e atender os diversos públicos. Temos que descobrir o que é “valor” para cada um e surpreender com o que ofertamos.

 

Você convidou estilistas para assinarem o design de superfície para a Dell Anno. Como surgiu essa ideia de aproximar os universos de moda e design e quais os resultados desse trabalho?

Neste caso o “vestir a casa” é uma realidade mais tangível. Moda e decoração sempre andaram juntas. Diria que a moda sempre olhou mais para a arquitetura do que podemos imaginar. É impressionante como os estilistas entendem e estudam arquitetura.

Inicialmente nem pensava que poderia dar tão certo. Apenas tinha a ideia de que precisava fazer algo diferente e que ninguém estava fazendo em nosso segmento. Já se passaram sete anos da criação deste conceito e fico feliz quando vejo que o primeiro produto (design de superfície) assinado por um estilista, no caso o Reinaldo Lourenço (que criou a linha Chamalote) ainda está em linha. Este produto tem uma excelente aceitação há cinco anos.

Isto sem considerar toda importância que a imprensa deu a este tema. Já saímos em editorias dos principais meios de comunicação de moda e arquitetura do País. A concepção destes desenhos é executada em um centro de design na Alemanha e uma das nossas criações foi case apresentado por este estúdio em todas as suas fábricas espalhadas nos quatro cantos do mundo.

 

Pensar a produção com essa interdisciplinaridade entre departamentos e entre diferentes áreas, como moda e design, é um caminho sem volta para as marcas que querem se destacar no mercado?

Não diria isto por duas razões. A primeira é que estas áreas são vistas como distintas, porém são muito mais próximas do que possamos imaginar. A moda nasce antes de tudo e nos influencia em tudo. Até no setor automotivo isto é latente quando vemos que o design é percebido de forma muito mais espontânea pela cor que se apresenta. E quem define cor de tendência de seis em seis meses? A moda.

E a segunda razão é que não podemos negar que precisamos reinventar tudo de tempos em tempos e dar o tom necessário a cada coisa. Então, prefiro crer que cada marca tem que descobrir o seu caminho. Por outro lado, as marcas que criam produtos para casa, obrigatoriamente, irão se deparar em suas criações com os mesmos atributos da moda. Precisam pensar em cores, texturas, geometrias, etc.. Ou seja, todos bebem da mesma fonte. Então, assumir isto e adotar este conceito, é uma decisão de cada um.

 

 

E, em sua opinião, as empresas e profissionais brasileiros estão preparados para trabalhar dessa forma?

Lógico. Muitos já o fazem de forma empírica ou sem se preocupar em adotar estas bandeiras, mas no fundo seguem os mesmos princípios.

 

Quais são, em sua visão, os desafios enfrentados pelos fabricantes de móveis brasileiros para agregar valor às marcas explorando novas áreas, por exemplo, com foco nos usuários?

Em uma visão bem simplista, acredito que o principal desafio seja sustentar o design assinado. Ou seja, cada um pode investir, criar e agregar valor ao seu produto de modo que o consumidor perceba este valor e deseje investir. Contudo, hoje, vivemos em um universo de cópias e desrespeito ao design assinado.

Também acho que deveriam existir incentivos maiores aos designers. Temos uma fonte enorme de riqueza, tanto de talentos como de materiais, mas somos pobres na formação e nas tecnologias. Ainda assim temos muitos talentos figurando nas principais feiras do mundo.

 

Como nascem ou são selecionados os decors (padrões) que compõem a cartela de cores do grupo? 

Nascem da pesquisa de comportamento. É preciso entender e decifrar estes comportamentos, porque eles se apresentam de forma particular e em tempos diferentes de acordo com os públicos das marcas. É impressionante como tudo se consagra por épocas e como estas épocas vão e vem, respeitando seus tempos e suas releituras. Também é necessário fazer apostas conceituais, que nem sempre vão gerar as maiores vendas, mas irão marcar o posicionamento.

 

Grupo Unicasa

O grupo Unicasa Móveis é um dos maiores e mais modernos fabricantes de móveis planejados da América Latina. Localizada na cidade de Bento Gonçalves (RS), possui um parque fabril com mais de 50 mil m² de área construída e produz mais de 180 mil módulos de móveis por mês.