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“Arquiteto de classe mundial e verdadeira lenda vida”. Essas foram algumas das palavras utilizadas por Jane Duncan, presidente do Royal Institute of British Architects (Riba), ao anunciar o arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha como vencedor da Royal Gold Medal 2017. Anual, o Riba Gold é concedido em reconhecimento ao conjunto da obra de um profissional ou grupo de pessoas, considerando sua influência no avanço da arquitetura. A premiação tem aprovação pessoal da Rainha da Inglaterra, Elizabeth II.

Esta é a terceira honraria de grande relevância que o brasileiro recebe em 2016. Antes, o profissional já havia sido condecorado com o Leão de Ouro na Bienal de Veneza (Itália) e contemplado com o Prêmio Imperial de Artes 2016, do Japão.

Paulo Mendes da Rocha é um dos expoentes da chamada “Escola Paulista”, grupo de arquitetos modernistas, e aos 87 anos tornou-se o segundo brasileiro a receber a Medalha de Ouro RIBA. Antes, em 1998, Oscar Niemeyer havia recebido a distinção.

 

Paulo Mendes da Rocha é um dos expoentes da chamada “Escola Paulista”, grupo de arquitetos modernistas, e aos 87 anos tornou-se o segundo brasileiro a receber a Medalha de Ouro RIBA

 

Rocha agora integra um seleto grupo de arquitetos que inclui, além de Niemeyer, Zaha Hadid (2015) – falecida neste ano e primeira mulher a receber a condecoração –, Frank Gehry (2000), Norman Foster (1983), Kenzo Tange (1965), Le Corbusier (1953) e Frank Lloyd Wright (1941), entre outros nomes de expressão internacional. A medalha de ouro do Riba foi concedida pela primeira vez em 1848.

O atributo mais marcante de sua arquitetura é a atemporalidade

 

 

Paulo Mendes da Rocha

Nascido em Vitória (ES), em 1928, o arquiteto é autor de uma vasta obra, onde se incluem muitos edifícios públicos no Brasil. Também são de sua autoria o Museu da Língua Portuguesa, o Centro Cultural FIESP e o Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), além das reformas da Estação da Luz e da Pinacoteca do Estado na década de 90.

Nesse vídeo de autoria da FAU, Paulo Mendes da Rocha expõe, em desenhos, as ideias que desenvolveu para o projeto arquitetônico do edifício do MuBE.

Além dos elogios aos seus traços, Paulo Mendes da Rocha também é respeitado por suas reflexões sobre centros urbanos, transporte público e educação. Em 2006, ele também ganhou o Prêmio Pritzker – considerado o “Nobel da Arquitetura”.

E apesar do reconhecimento internacional, são poucos os projetos que desenvolveu fora do Brasil. Um deles, entregue em 2015 e realizado em co-autoria com o português Ricardo Bak Gordon, é o novo Museu dos Coches (foto), em Lisboa (Portugal).

 

Museu dos Coches, em Lisboa (Portugal). Obra de Paulo Mendes da Rocha em co-autoria com o português Ricardo Bak Gordon

 

Muitas vezes descrito como um arquiteto brutalista, por conta do uso de materiais em seu estado bruto, o impacto social da arquitetura e sua relação com o meio ambiente são fatores fundamentais na sua abordagem. O brutalismo privilegiava a verdade estrutural das edificações, de forma a nunca esconder os seus elementos estruturais – o que se consegue ao tornar o concreto armado aparente ou destacando os perfis metálicos de vigas e pilares.

Para outros críticos, o trabalho de Mendes da Rocha pode ser caracterizado com mais precisão como “essencialista”, devido a sua insistência na abstração e redução da arquitetura em direção a um espaço poético altamente refinado.

“Todo o espaço tem de ser ligado a um valor, a uma dimensão pública. Não há espaço privado. O único espaço privado, que você pode imaginar, é a mente humana”.

O arquiteto Paulo Mendes da Rocha, aos 87 anos, tornou-se o segundo brasileiro a receber a Medalha de Ouro RIBA junto com Oscar Niemeyer. Em 2006, ele também ganhou o Prêmio Pritzker

 

Reconhecimento profissional

Por ocasião da mais nova premiação concedida ao arquiteto brasileiro, o presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU/BR, Haroldo Pinheiro, afirma: “A Royal Gold Medal é mais um reconhecimento internacional da obra de Paulo Mendes da Rocha e um orgulho para todos os arquitetos e urbanistas brasileiros, contribuindo para a promoção da cultura do país no exterior”.

Pinheiro observa ainda, como fez o RIBA, “que a maior parte da obra do arquiteto está no Brasil, ainda que desperte admiração mundial. São projetos que qualificam nossas cidades, transformando o ‘brutalismo’ do concreto em soluções espaciais requintadas e fraternas, fruto de um apuro tecnológico impecável e de seu sempre presente olhar social”.

O CAU/BR também desenvolveu um hotsite especial para apresentar a biografia, projetos, prêmios, depoimentos e histórias sobre o profissional.