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Formada em arquitetura, foi ao fim da graduação que Ana Neute descobriu sua verdadeira paixão e vocação: as esculturas. Unir o tecnicismo do mundo arquitetônico ao aspecto lúdico das artes, porém, era seu maior desafio. A solução foi encontrada no design de produtos, mais especificamente nas luminárias. Sugestão que também veio de sua mãe e logo se tornou o foco do trabalho da jovem profissional.

“A iluminação me encanta, pois é um objeto físico no espaço. Ela transforma e modela o ambiente através da luz, cria atmosferas”, fala de maneira afetuosa a designer que vem conquistando espaço entre a nova geração. Antes de se jogar de vez na criação dessas luminárias, no entanto, Ana Neute passou um ano no Instituto de Madeira da Politécnica de Lausanne, na Suíça. De volta ao Brasil, se aprofundou no design de objetos por conta própria.

De lá para cá, seu salto criativo pode ser facilmente observado em suas peças, com a arte e o design conversando de forma minimalista e funcional. “Encontro inspiração na natureza, na geometria e na matemática. Busco a forma como resultado de um processo. Acredito ser um ofício meticuloso, como o de um ourives”, ressalta.

 

Ana Neute: designer brasileira faz sucesso com luminárias que trazem um olhar único

 

Da Jabuticaba à China

O universo de referências de Ana Neute

Por falar em joias, o acabamento metalizado de grande parte de suas luminárias chama a atenção. Explorando, sobretudo, o dourado, a prata e o cobre. Tonalidades intimamente relacionadas a metais preciosos e que vão ao encontro da tendência de cores metalizadas na decoração – já abordamos o assunto neste artigo. O refinamento de suas peças expressa ainda algumas formas que desafiam os clichês, com um toque minimalista e funcional. “Entendi que design é simplificar”, diz Ana Neute.

A sua linha de inspiração e referências também é bastante diversificada, o que amplia os limites da sua criatividade. A lista vai de montanhas, águas-vivas, jabuticabas e passarinhos, até um guarda-chuva ou país, como a China.

A coleção Xangai, inclusive, esteve na mostra Be Brasil do ano passado, durante a Semana de Design de Milão, na Itália. “Não existe adorno, a própria construção forma. Essa é a beleza da peça”, realça Ana. A coleção é formada por luminárias de mesa, piso e arandela, que consistem em cones brancos, em alumínio, e dourado, em latão escovado.

Trabalhando em carreira solo desde 2015, quando passou a assinar suas luminárias como Ana Neute, a designer diz que nada mudou no processo criativo. “O pensamento por trás sempre foi o mesmo. Clareza na forma e simplicidade de ação.”

 

Coleção Shangai, de Ana Neute, é formada por luminárias de mesa, piso e arandela que consistem em cones brancos, em alumínio, e dourado, em latão escovado

 

“O projeto é vivo e está em constante mudança”

Fazer o simples, no entanto, nem sempre é o mais fácil. Por trás dessas esculturas funcionais assinadas por Ana Neute há um desenvolvimento longo e detalhado. “Esse é um processo que dura meses e faz parte da maturação do projeto.” O primeiro passo, segundo ela, é compreender as etapas envolvidas na fabricação do produto. Ana explica que existe um espaço muito importante entre a ideia e a existência física do objeto. “Não podemos simplesmente desenhar um projeto em que a tecnologia para fabricar a peça deixe o custo inviável, inacessível”.

 

Observando os últimos lançamentos de luminárias criadas pela designer e arquiteta Ana Neute é fácil perceber que a jovem tem talento

 

Antes de iniciar um projeto, portanto, a designer faz um estudo do ambiente e das possibilidades de criação dentro dele. “Busco criar sempre a partir de algo possível, factível e físico”. Para isso, é crucial conhecer suas limitações, as máquinas necessárias para produção, o custo envolvido no processo e os materiais que serão utilizados na confecção. “O processo de prototipagem consiste em ajustar todos esses fatores até ter equilíbrio e coerência”, aponta Ana Neute.

Se de um lado o profissional deve saber quais são os recursos disponíveis antes de iniciar um projeto. De outro, Ana também enfatiza que a indústria tem que entender como trabalhar “no seu limite”, em parceria com o designer e de maneira criativa dentro da estrutura física e tecnológica da qual dispõe. “A partir dessa realidade conseguimos ir moldando a forma e entendendo a maneira daquele objeto existir no mundo real, suas funções. O projeto é vivo e está em constante mudança nesse processo”.

 

Para Ana Neute, a luz ajuda a criar atmosferas perfeitas, a definir espaços. Além disso, ela diz ser atraída pela pequena escala

 

Ana Neute: parceria e lançamentos

Trabalhando há cerca de um ano em parceria com a Itens, Ana Neute se dedica integralmente à parte criativa do negócio, ficando a cargo deles a produção das peças. “A parceria com a Itens foi fundamental para meu trabalho ganhar outra escala. O que me ajudou a organizar o processo e a me profissionalizar. Com isso, ganhei tempo para fazer pesquisas para novas peças, desenhar mais e testar formas e acabamentos”. Conheça os frutos desta parceria no site da Itens Collections.

Hoje, as criações de Ana Neute podem ser encontradas em aproximadamente 30 cidades brasileiras. A designer também promete o lançamento de novas luminárias já no mês de abril deste ano. Mas faz mistério sobre as peças. Vamos esperar para ver!