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Jovens promissores e talentosos. Em geral, essas são as principais referências aos arquitetos Paula Sertório (31) e Victor Paixão (34), que comandam o coletivo paulista PAX.ARQ. Multidisciplinares, com atuação na arquitetura, no design, mobiliário e até na cenografia, o casal já desenvolveu projetos em diversas escalas e a coleção de premiações tem crescido, no Brasil e no exterior.

Aliás, foi a premiação recebida com a Cadeira DaKi, na 20ª. edição do Salão Design, em março deste ano, que levou o Habitus Brasil a conhecer um pouco mais sobre as obras e projetos do estúdio.

Cadeira DaKi, projeto da PAX.ARQ e vencedor na 20ª. edição do Salão DesignCortada e usinada em 3D em modernas máquinas CNC, a cadeira propõe diferentes posições para utilização, possibilitando apoio para o braço direito/esquerdo, ou ambos quando sentado na diagonal, e a união de duas cadeiras sugere um banco. O Cedro, de origem brasileira, foi a madeira escolhida devido à qualidade, odor aromático e brilho moderado.

Paula conta que o nome surgiu quando o casal observava os elefantes de Salvador Dalí. “A busca era por um desenho surrealista, mais livre, daí definimos que a peça seria Daki, e não de lá, ou ‘Dalí’”, explica.

E não estranhe a relação proposta, pois é fácil perceber – tanto pelos projetos quanto na conversa – o quanto a dupla dá importância a diferentes áreas do saber, com a fusão entre as tecnologias tradicionais e digitais de fabricação, e o equilíbrio entre teoria e prática.

Nesse sentido, Paula acrescenta que ao projetar a cadeira DaKi levaram em consideração o “conforto e a plasticidade, aliados à fabricação digital e técnicas tradicionais de marcenaria”.

 

O Cedro, de origem brasileira, foi a madeira escolhida para a Cadeia DaKi

 

PAX.ARQ

Em transformação, inconstante como a natureza humana

Essa fusão de informações, conhecimentos e técnicas está enraizada no modus operandi da PAX.ARQ. Questionados sobre a linha que conduz o pensar sobre o design, a dupla é objetiva: “Pensar a natureza humana e dos materiais”.

“Buscamos inspiração em nossos estudos e pesquisas diárias. Não temos restrições relacionadas a estilo ou materiais, estamos sempre em busca e abertos à novas possibilidades, mesclando técnicas tradicionais com tecnologia, sem pré-conceitos ou dogmas”.

 

PAX.ARQ, dos arquitetos Victor Paixão e Paula Sertório

 

Já no tocante à arquitetura, eles defendem a busca por novas estratégias, para que seja possível oferecer ideias úteis sobre o viver.

“Acreditamos que o arquiteto no mundo contemporâneo tem que se reaproximar da construção, não só da construção civil, mas da construção de conhecimento, ideias e sistemas de outras áreas que não estão dentro de nossa alçada como formação. Entender o arquiteto como gestor de ideias em transformação e não tratar a arquitetura como um estilo predeterminado, utilizando melhor a tecnologia que está à disposição, pois estamos construindo da mesma maneira a dezenas de anos. Além disso, equilibrar a teoria e a prática, pois temos um degrau entre o que é ensinado nas universidades e o que é aplicado no dia a dia da profissão”, pondera Victor Paixão.

E a “divisão” entre os departamentos de arquitetura e design de mobiliário, não é problema para a linha de atuação do coletivo, segundo Paula. “Atuamos com o mesmo cuidado e preocupação em ambas as escalas, pois acreditamos que um bom projeto e detalhes adequados independem da escala. São atuações absolutamente complementares”.

 

Mobiliário by PAX

Fruto da parceria com a estilista Fernanda Yamamoto e inspirado no cenário de seu desfile durante a São Paulo Fashion Week 2015, o Banco Pedra é um dos mobiliários assinados pela PAX.ARQ. A estrutura do banco utiliza compensado, painéis de Valchromat ou Viroc e abraçadeiras de nylon, enquanto que a capa que o reveste – idealizada pela equipe da estilista –, utiliza sobras da indústria têxtil.

 

Fruto da parceria com a estilista Fernanda Yamamoto, o Banco Pedra é um dos mobiliários assinados pela PAX.ARQ A estrutura do banco Pedra utiliza compensado, painéis de Valchromat e abraçadeiras de nylon, enquanto que a capa que o reveste utiliza sobras da indústria têxtil

 

O Banco Bombo, por sua vez, é um bom exemplo do quão dinâmica pode ser a relação entre o mobiliário e diferentes matérias-primas, sem que ele perca suas características. Projetado inicialmente para utilizar retalhos de MDF oriundos da indústria moveleira, a peça também é confeccionada com placas de acrílico, Corian®, Pínus e painéis de Valchromat – material que possibilita o entalhe tridimensional da ilustração feita pelo estúdio Kaju.Ink.

 

O Banco Bombo foi projetado para utilizar retalhos de MDF da indústria moveleira, mas a peça também é confeccionada com acrílico, Corian®, Pínus e painéis de Valchromat

 

Em tempo, para criar a nova versão do banco Bombo em parceria com a ilustradora Kalina Juzwiak (Kaju), a peça foi desenhada à mão sobre o MDF e posteriormente desmontada e digitalizada, possibilitando a vetorização do desenho sobre os novos painéis.

Além dessas particularidades, chama a atenção também as linhas geométricas da peça, que não dispõe de estrutura interna. A criatividade está exatamente na junção das 72 peças com as abraçadeiras de nylon, que garantem a estruturação do banco – funcionando como uma casca tensionada.

 

A versão do banco Bombo em parceria com o estúdio Kaju.Ink é feita com painéis de Valchromat

 

Também utilizando abraçadeiras de nylon, junto a cordas e acrílico, o Balanço Cocar chama a atenção pelo conjunto de elementos que formam o assento suspenso em forma de cocar indígena. Com a transparência do acrílico, o projeto da PAX.ARQ permite ainda a interação do usuário com o ambiente ao mesmo tempo em que a paisagem e a peça se “confundem”.

 

Balanço Cocar chama a atenção pelo conjunto de elementos que formam o assento suspenso em forma de cocar indígena

 

Menção honrosa no Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, a Cadeira Atiati chamou a atenção do júri pelo novo conceito, já em 2007. Além da preocupação entre forma e função, o estúdio já considerava a necessidade atual de constante adaptação da população, estimulando a versatilidade da peça. Com trama de nylon e quatro arcos estruturais de aço idênticos, que se interceptam em um eixo de ligação e movimento, o mobiliário pode ser usado como cadeira e banco. Em tupi-guarani, Atiati significa gaivota grande.

Cadeira Atiati, da PAX.ARQ, menção honrosa no Prêmio Design Museu da Casa Brasileira

Morar bem, por PAX.ARQ

“Morar bem não depende exclusivamente de decisões e soluções arquitetônicas, mas o empenho para a interpretação das reais necessidades e desejos dos moradores resulta em um espaço apto a morar bem”

 

PROJETO CASA-OFICINA

No campo arquitetônico, destaque ao projeto da Casa-Oficina – idealizada para abrigar uma residência, uma oficina mecânica de alto desempenho (Tecnomec) e salas de aula para ensino profissionalizante em um terreno de 260 m² no bairro de Pinheiros, na capital São Paulo.

O resultado é uma divisão em três níveis: térreo, destinado a abrigar toda a parte da oficina, reparos, lavagens de peças e sala do dinamômetro para testar o desempenho de veículos; primeiro pavimento, onde estão localizadas as salas de aula, salas de estudo e banheiros; e o segundo pavimento, onde está estabelecida a residência.

 

Projeto Casa-Oficina, da PAX.ARQ, foi dividido em três níveis: térreo, destinado a abrigar toda a parte da oficina; primeiro pavimento, onde estão as salas de aula; e o segundo pavimento, onde está a residência Projeto da Casa-Oficina – idealizada para abrigar uma residência, uma oficina mecânica de alto desempenho (Tecnomec) e salas de aula para ensino profissionalizante

 

Segundo Paula Sertório e Victor Paixão, a laje inclinada de concreto tem protagonismo dentro da composição como um elemento capaz de fornecer distintas soluções, personificando um limite visual entre o público-privado e resguardando as dependências superiores da poluição sonora da via e dos equipamentos de exaustão da sala do dinamômetro. Simultaneamente, garante a iluminação e ventilação natural da oficina e salas de aula, e facilita a captação de água para reutilização.

Confira detalhes do projeto nas fotos de Bruno Candiotto.

 

No campo arquitetônico, destaque ao projeto da Casa-Oficina (Tecnomec) assinado pela PAX.ARQ Paula Sertório e Victor Paixão explicam que a laje inclinada de concreto no projeto da Tecnomec tem protagonismo dentro da composição da obra