O processo de envelhecimento da forma como conhecemos realmente parece ter ficado lá no passado. Rompendo estereótipos, há um grupo de pessoas acima dos 60 anos que não deseja ficar sentado vendo o tempo passar. Essa mudança impacta diretamente a forma como pensamos e projetamos as casas e outros espaços dedicados a esse público, cada vez mais aberto a novidades e interessado em tecnologia. Essa nova tendência é chamada de Ageless Living, privilegiando um viver livre dos padrões de idade.
A macrotendência é a última das apresentadas pela Schattdecor em seu Trendbook 2018. Especialista em superfícies para madeira e móveis, todos os anos a empresa identifica as principais mudanças comportamentais e suas influências no futuro do morar. Nesse ano, quatro grandes tendências chamaram a atenção: Micro Housing, Smart Home, Community Zone e Ageless Living.
“O principal aspecto da Ageless Living em comparação às demais tendências é a quebra de paradigmas relacionados à idade. Esse tema representa o desejo de envelhecer de forma mais saudável e dinâmica”, observa Ana Marques, responsável pelo marketing e comunicação da empresa no Brasil.
O conceito vai ao encontro das estatísticas brasileiras, que apontam um crescimento na população idosa do País. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2030 eles devem superar a de jovens até 29 anos no Brasil. Reconhecendo seu potencial, essa população idosa vem se impondo socialmente. Antes considerado um período de descanso, a aposentadoria agora abre espaço para uma vida de atividades prazerosas, como viagens e exercícios físicos. O fenômeno já vem sendo chamado de “nova terceira idade”.
Dando sentido à expressão “melhor idade”, essas pessoas buscam por um estilo de vida jovem e moderno. Segundo o estudo da Schattdecor, os exercícios físicos e mentais são importantes para este público. Eles correm, andam de bicicleta, gerenciam suas mídias sociais, compartilham e ouvem histórias. Sendo uma valiosa fonte de inspiração para os mais jovens. Procuram manter ainda uma alimentação consciente, sem abrir mão do que gostam.
Por isso mesmo, conseguem morar, conviver e interagir de maneira ativa e natural com diferentes gerações. “Independentemente da idade, os filhos não só moram com os pais, como também praticam atividades físicas com eles”, ressalta Ana.
Ageless Living: design atemporal e flexível
No design de interiores, o conceito reflete o senso estético apurado dessas pessoas. Sem restrições quanto à idade e com melhor poder aquisitivo, elas procuram por espaços atemporais e flexíveis. Esse público já abriu mão das barreiras definidas entre trabalho, vida privada e lazer. Por isso, querem viver em espaços multifuncionais e adaptáveis às diferentes fases da vida. Com salas de estar que se transformem em home offices ou até em espaços fitness, por exemplo.
Em relação aos móveis, busca-se peças que não “saem da moda”. Eles também devem se ajustar às preferências das diferentes gerações que compartilham a casa. Desta forma, móveis ricos em detalhes e materiais sofisticados, como couro e metal, tendem a fazer sucesso com este público.
Vale ressaltar, ainda, o intercâmbio de materiais e as formas pouco convencionais em que são aplicados. Como o uso de couro na porta de um armário ou uma pedra no tampo de um aparador. “Há a busca por sofisticação, mas com um apelo muito forte ao design. Os móveis se integram à decoração para compor um ambiente sóbrio”, comenta Ana Marques.
Conceitos e padrões para explorar
Na decoração, essas casas combinam antiguidades e clássicos do design com peças modernas e objetos que reflitam a escolha por um estilo de vida mais jovem e saudável. “É comum ver peças clássicas combinadas a bicicletas, halteres e cordas, que podem ser utilizados como objetos decorativos”. Características observadas pela profissional e que ilustram este novo lifestyle.
Em relação às superfícies, indica a Schattdecor, há uma inclinação às cores escuras com acabamento fosco, como preto e azul. Texturas de pedra, superfícies metálicas e madeiras nobres em tonalidades mais fechadas contribuem para dar um ar sofisticado aos ambientes. Nesse ponto, destaque para o carvalho e a nogueira.
“Como esses espaços se caracterizam pela atemporalidade, os desenhos em tons mais escuros ganham destaque nesse tema. Madeiras mais rústicas em recortes especiais, texturas de tecido e couro, além de tons azulado, se integram perfeitamente ao conceito”, finaliza Ana Marques. Abaixo, superfícies decorativas para painéis e pisos que “conversam” com o tema Ageless Living. No lado direito, em sequência, estão os decors Biscaya Oak, Cuscino, Barcelona e Compass Oak.